A banda musical russa Pussy Riot está de passagem por Portugal, depois de, no mês passado, ter iniciado uma digressão pela Europa. A primeira atuação será esta terça-feira na redação do "Jornal de Notícias", seguindo-se concertos na Casa da Música (Porto) a 8 de junho e no Capitólio (Lisboa) a 9 de junho. O objetivo das ativistas é angariar fundos para a Ucrânia.
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O grupo russo Pussy Riot, que ficou conhecido em 2012 após uma atuação polémica na Catedral de Cristo Salvador, em Moscovo, com o intuito de criticar o apoio da Igreja Ortodoxa ao regime de Vladimir Putin, está agora a fazer uma digressão europeia que intitula como "manifesto" para "mostrar ao Mundo do que a Rússia é capaz". Os fundos angariados através da venda de bilhetes serão doados à Ucrânia para apoiar um hospital pediátrico localizado em Kiev.
Constituída apenas por elementos femininos, mas acompanhada por uma vasta equipa, a banda russa usa música, ritmos eletrónicos, dança e imagens para passar uma mensagem contra as políticas "discriminatórias" de Putin. Já se faz ouvir há mais de dez anos, porém, ganhou uma nova dimensão desde que se iniciou a guerra no leste da Europa.
Nos últimos anos, as ativistas, que atuam com os rostos tapados por balaclavas, têm trilhado um percurso que privilegia a liberdade de expressão, num país onde "as detenções, perseguições e assassinatos" são métodos usuais para punir todos aqueles que se oponham à ação governativa. Que o diga Maria Alyokhina - ou Masha-, que no verão passado foi detida seis vezes e, recentemente, condenada a uma pena de prisão que a obrigou a fugir.
A sua história fez furor em todo o Mundo, nomeadamente pelos contornos em que aconteceu: a ativista, uma das fundadoras da banda, conseguiu escapar dos olhares das autoridades russas disfarçando-se de estafeta. Em terreno ocidental, juntou-se aos restantes membros da banda para iniciar a digressão, onde, além dos momentos musicais, pretendem mostrar imagens que evidenciam o sofrimento ucraniano.
Ucrânia vencedora
Se nos últimos anos as feministas vinham a denunciar as movimentações de um regime que dizem ser "autoritário", têm agora mais razão para se opor ao Kremlin. Desprezam a ofensiva que está a decorrer na Ucrânia e querem apelar à comunidade internacional que puna Putin, e todo o seu núcleo duro, salientando que as sanções até agora aplicadas "não são o suficiente para travar Moscovo".
Acusando o regime de Putin de motivações económicas, revelam que na Rússia a população vive com medo e, nos últimos meses, a censura tem aumentado. "Publicar fotos de Bucha pode levar a uma pena de prisão de 15 anos", frisou Maria, referindo-se ao massacre cometido contra civis na cidade que se localiza nos arredores de Kiev
Depois de terem começado a vaga de espetáculos em Berlim, as Pussy Riot querem disseminar as atrocidades russas por mais países, referindo que uma parte dos concertos será "dedicada aos presos políticos" - uma luta à qual têm vindo a dar especial atenção.
Sobre o fim da guerra não têm perspetivas, mas de uma coisa têm a certeza "o conflito só deverá terminar quando a Ucrânia sair vencedora", destacou Maria, descartando um acordo.
Depois da atuação no JN, a banda segue para mais dois concertos: um na Casa da Música (Porto), a 8 de junho, e outro no Capitólio (Lisboa), a 9 de junho.