Oito pessoas foram detidas esta manhã durante uma operação antiterrorista em Saint-Denis, no norte de Paris, que se prolongou por mais de oito horas e em que foram disparadas 5 mil balas. Duas pessoas morreram, incluindo uma mulher que se fez explodir. A outra vítima da explosão terá sido Abdelhamid Abaaoud, o mentor dos atentados em Paris.
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A rádio francesa RTL e a Reuters citam fontes policiais para revelar que o grupo de Saint-Denis estaria prestes a cometer mais um atentado em Paris, quinta-feira de manhã, na zona de La Defense. A RTL afirma ainda que a mulher que se fez explodir terá feito uma chamada antes de morrer, o que indicia a existência de cúmplices.
Outras fontes policiais garantem que nos objetivos desta célula terrorista do Estado Islâmico estaria também o centro comercial "Quatre temps", para além da praça principal da zona empresarial de La Defense.
"As forças policiais procuravam terroristas que estavam a preparar outro ataque, com base nas informações dos serviços locais de contraterrorismo e também dos serviços internacionais", disse fonte próxima da investigação à agência de notícias.
Raide de madrugada
A procuradoria de Paris confirmou a detenção de oito pessoas (sete homens e uma mulher), esta quarta-feira de manhã, na sequência de uma operação policial relacionada com os atentados terroristas de sexta-feira passada, que mataram 129 pessoas na capital francesa.
Foi confirmada também a morte de uma mulher que se fez explodir durante uma rusga a um apartamento, onde estava refugiado um grupo armado., e de um homem.
O jornal norte-americano "Washington Post" revela que Abdelhamid Abaaoud, considerado o mentor dos atentados em Paris, é a segunda vítima mortal da intervenção policial, tendo sido identificado pelos investigadores forenses que ainda estão no local a investigar o incidente.
O diário flamengo "De Standaard", da Bélgica, também referiu que o presumível organizador dos atentados de Paris teria sido morto esta quarta-feira na operação em Saint Denis, de acordo com declarações ao periódico de fontes da segurança belga.
O procurador da República em Paris, François Molins, em conferência de impresa dada esta tarde, não desmentiu a informação avançada pelo jornal norte-americano, mas também não quis dar detalhes sobre as identidades dos suspeitos que morreram em Saint-Denis. Afirmou, no entanto, que entre os detidos não está nem Salah Abdeslam, o jiadista procurado em toda a Europa, nem Abaadoud.
Molins adiantou também que foi encontrado no apartamento "um verdadeiro arsenal de guerra, que incluía espingardas semiautomáticas kalashnikov e cintos explosivos".
Esta manhã François Molins tinha confirmado que a operação tinha como objetivo encontrar Abaaoud. "Tínhamos elementos que faziam pensar que Abdelhamid Abaaoud estava num apartamento conspirativo", esclareceu. A investigação tinha recolhido informações, através de escutas telefónicas e vigilância, que justificaram a rusga.
Um procurador belga revelou também, esta quarta-feira à tarde, que a caça ao homem por Salah Abdeslam continua.
Cão-polícia morreu
No Twitter, a Polícia Nacional francesa revela que cinco polícias das forças especiais do RAID ficaram feridos sem gravidade na operação. Um cão desta unidade policial, chamado Diesel, morreu no assalto, informaram as autoridades, rendendo uma homenagem ao animal. "São essenciais nas buscas que envolvem armas e explosivos".
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Saint Denis em estado de sítio
A operação policial, que juntou forças especiais da BRI e do RAID, além de unidades do Exército, começou cerca às 4.20 horas da madrugada e terminou às 11.37 horas locais (10.37 em Portugal continental).
Foram mais de sete horas de movimentações policiais, que suspenderam a vida do bairro de Saint-Denins, casa de uma grande comunidade de portugueses, que acordaram em sobressalto e se viram forçados a faltar ao trabalho e a ficar em casa, sitiado, como contaram aos jornalistas.
A operação teria como alvo o alegado cérebro dos ataques, o belga Abdelhamid Abaaoud e contou com o apoio de cerca de 50 soldados franceses foram entretanto destacados para Saint-Denis, tendo sido posicionados na principal rua da cidade, perto do apartamento alvo de ataque das autoridades francesas.
Os estabelecimentos de ensino no centro de Saint-Denis estão encerrados e foi pedido "à população que evite totalmente a zona do centro" de Saint-Denis. Metro, autocarros e elétricos foram suspensos devido à intervenção policial, de acordo com a autoridade dos transportes RATP.
Paralelamente, na Bélgica, a polícia lançou uma operação de caça ao alegado terrorista que terá fabricado os cintos de explosivos usados no ataque de sexta-feira. Mohamed K é considerado "extremamente perigoso" devido ao seu conhecimento sobre explosivos e sistemas de detonação.
Entretanto, a Comissão Europeia adotou, esta quarta-feira, um pacote de medidas para reforçar o controlo de armas de fogo na União Europeia, propostas já previstas na Agenda Europeia para a Segurança, mas aceleradas na sequência dos atentados de Paris.
Atos condenados já pelo Conselho Francês do Culto Muçulmano (CFCM). Aquele organismo representativo islâmico, vai divulgar nas cerca de 2500 mesquitas de França um "texto formal" condenando de forma inequívoca toda a "forma de violência ou terrorismo", para as orações de sexta-feira.
A operação antiterrorista desta quarta-feira em Saint Denis "confirma uma vez mais que estamos em guerra, uma guerra contra o terrorismo que decidiu conduzir-nos à guerra", disse o presidente francês, François Hollande, num discurso aos presidentes de câmara reunidos em Paris.
Gare du Nord evacuada
A polícia francesa evacuou, esta quarta-feira à tarde, a estação de comboios Gare du Nord, em Paris, devido a uma mala suspeita.
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