Rajoy oferece diálogo ao líder catalão se abandonar "dialética estéril de confronto"
O presidente do Governo espanhol afirmou esta segunda-feira que está disposto a dialogar com o presidente catalão, desde que o diálogo se baseie no "escrupuloso respeito da lei" e se corrija a "dialética estéril de confronto".
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"Enquanto eu for presidente do Governo a lei vai-se respeitar na sua totalidade. Que todos os catalães e o resto dos espanhóis estejam tranquilos nesse sentido. Todo o diálogo mas dentro da lei", disse hoje Mariano Rajoy.
"Ainda podemos corrigir, suprimir a dialética estéril de confronto e procurar diálogo. Mas sempre dentro do mais escrupuloso respeito pela legalidade, essa é uma condição irrecusável", acrescentou.
Mariano Rajoy falava no Palácio da Moncloa numa curta declaração institucional proferida depois de uma reunião extraordinária de duas horas do Conselho de Ministros, que hoje aprovou os recursos de inconstitucionalidade contra a consulta independentista catalã.
Explicando que sempre esteve aberto ao diálogo com Artur Mas, o presidente catalão, Rajoy considerou, porém, que esse diálogo nunca avançou porque as autoridades catalãs apostou "numa política de facto consumados, que implementou sem pausa", pretendendo que o Governo "se visse forçado a aceitar decisões unilaterais impossíveis de aceitar".
"Quando uma parte atua contra os interesses de todos, não cabe ao governo encontrar um caminho legal. Tomaram-se decisões unilaterais pretendendo chegar a um ponto de não retorno que obrigasse o resto a aceitá-lo sem mais", disse.
Rajoy dirigiu ainda palavras ao presidente catalão, sem nunca utilizar o seu nome, atribuindo-lhe responsabilidade pela situação que hoje se vive, com a sociedade dividida.
"Quem iniciou tudo isto é responsável das agraves consequencias do mesmo. Da deslegitimação injusta das nossas instituições democráticas, pela fratura dos laços de irmandade que uniam Catalunha e Espanha", afirmou.
Rajoy lamentou "profundamente" que o presidente da Generalitat, o Governo regional, tenha convocado a consulta de autodeterminação.
"Lamento porque vai contra a lei, desborda a democracia, divide os catalães, os afasta da Europa e do resto de Espanha e prejudica gravemente o seu bem-estar. Para não falar da frustração a que está a condenar uma parte dos cidadãos, animando-os a participar numa iniciativa que pela sua ilegalidade não pode ver a luz. O pior é que o sabia desde o início", disse.
O líder espanhol afirmou que a posição do Governo não é contra qualquer reforma da lei, incluindo da Constituição, mas que esse processo tem que "ser seguido pelos canais previstos" na própria legislação.
"Quem quiser modificar a situação pode apresentar proposta de reforma, nos termos democraticamente estabelecidos e conseguir apoios para a concretizar. Essa é a forma de fazer as coias. O que não se pode fazer ou não deveria fazer um governante responsável é arranjar subterfúgios para esquivar a lei", afirmou.