O presidente timorense, José Ramos-Horta, que se recandidata ao cargo nas presidenciais que decorreram este sábado em Timor-Leste, considera que uma derrota eleitoral significará a sua liberdade pessoal, mas garante que, se vencer, terá motivação para um segundo mandato.
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[Se perder é uma] "vitória porque ganho a minha liberdade pessoal, não significa que me esquivo de possíveis responsabilidades", disse Ramos-Horta, durante uma conversa de cerca de 45 minutos com a imprensa nacional e estrangeira, após ter votado na escola primária de Metiaut, em Díli, onde chegou vestido de azul num Mini Moke da mesma cor.
Salientando que muitos partidos políticos já o abordaram para se juntar às listas eleitorais para as legislativas, o presidente timorense disse que ainda não pensou no assunto, admitindo também a possibilidade, se não for reeleito, de se disponibilizar para ajudar o governo na adesão de Timor-Leste à ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático).
José Ramos-Horta disse que, segundo o primeiro-ministro, Xanana Gusmão, o seu "grande problema" é que não estaria com "motivação pessoal para continuar".
O presidente timorense reconheceu que não tinha motivação para permanecer no cargo até ter recebido a petição de 120 mil pessoas a pedirem para ele se recandidatar. "Eu não tinha [motivação], mas 120 mil pessoas subscreveram uma petição autenticada, eu inscrevi-me, disse que não faria campanha e fiz muito pouco como sabem, mas se for reeleito estarei mais do que motivado para honrar a confiança no povo", afirmou.
José Ramos-Horta confirmou também que o processo eleitoral estava a decorrer sem incidentes de maior. "O que me irritou e parte o coração foi esta lei eleitoral que obriga esta nossa gente pobres, vendedores ambulantes, estudantes, sem dinheiro a terem de se deslocar à aldeia de origem, nestas nossas estradas miseráveis, tirarem o dinheiro do bolso" para ir votar, afirmou, mostrando esperança que se emende a lei para as legislativas, que se devem disputar em junho.
Ramos-Horta ganhou as últimas presidenciais, na segunda volta, contra o candidato apoiado pela Fretilin, Francisco Lu Olo Guterres, que também volta a concorrer nesta votação.
Em 2007, Ramos-Horta beneficiou do apoio do líder do CNRT, de Xanana Gusmão, atual primeiro-ministro, que este ano está, no entanto, ao lado da candidatura presidencial do ex-chefe das forças armadas Taur Matan Ruak.