As eleições na Líbia realizam-se dentro de oito meses, garantiu Mustafa Abdeljalil, presidente do Conselho Nacional de Transição, o braço político dos rebeldes, numa entrevista publicada, esta quarta-feira, pelo diário italiano "La Repubblica".
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"Em oito meses, haverá eleições legislativas (...) e presidenciais. Queremos um governo democrático e uma constituição justa. Acima de tudo, não queremos estar isolados do mundo como temos estado até agora", afirmou Mustafa Abdeljalil.
"A "nova Líbia' deve ser um país diferente do passado, baseado nos princípios de liberdade, igualdade e fraternidade", disse.
Sobre o destino de Muammar Kadafi, explicou que "a opinião prevalecente entre os membros da Conselho Nacional de Transição (CNT) é de que seja julgado com os seus apoiantes na Líbia".
"No âmbito de um julgamento justo, mas a ser realizado na Líbia", insistiu.
"É por isso que nós queremos que eles sejam capturados vivos e tratados de forma diferente da forma como o coronel sempre tratou os seus adversários. Ele será sempre recordado apenas pelos crimes, prisões e assassinatos de políticos que ele cometeu", explicou.
Depois da "longa era Kadafi", "tudo terminará apenas com a sua captura e condenação pelos crimes que cometeu", frisou Mustafa Abdeljalil, referindo que ainda "há bolsas de resistência na cidade [Tripoli] e uma grande concentração de tropas na região de Sirte, reduto histórico" do coronel.
Questionado sobre a posição do CNT face a outros países, o líder da estrutura de transição defendeu que a Líbia deve construir "relações fortes com outros países baseadas no respeito e na cooperação" mútua.
"Vamos ser um membro activo da comunidade internacional e vamos respeitar todos os tratados assinados no passado. Vamos garantir também que o país respeita os direitos humanos e o Estado de Direito, e que o país ajuda a estabilizar a paz e a segurança internacionais", disse.
Entre esses relacionamentos, considera que a nova Líbia terá "relações privilegiadas com os países que apoiaram a luta de libertação desde o início", entre os quais a Itália.
Esta semana, o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, reúne-se em Milão com o número dois da rebelião líbia, Mahmoud Jibril.
Os rebeldes líbios assumiram o controlo de Tripoli na terça-feira, após uma ofensiva iniciada no fim-de-semana.