O Governo ucraniano acusou este sábado os rebeldes pró-russos, suspeitos de terem abatido o avião da companhia da Malásia, de "procurarem destruir, com o apoio da Rússia, as provas deste crime internacional".
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"Os terroristas transportaram 38 corpos de vítimas para a morgue de Donetsk, onde especialistas a falar com um sotaque russo declararam que iriam proceder às autópsias", refere um Governo, numa declaração oficial.
O texto divulgado salienta que "os terroristas procuram também meios de transporte de grande capacidade para levar os destroços do avião para a Rússia".
Os repórteres no local dizem que a área está completamente controlada pelos separatistas: "Estamos apenas nós, trabalhadores dos serviços de emergência locais e os rebeldes", escreveu no Twitter o correspondente da cadeia americana ABC News.
Hoje, a Rússia respondeu às acusações, levantando uma série de questões que exige serem respondidas pelo governo ucraniano.
A chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente russo, Vladimir Putin, acordaram realizar uma investigação internacional. As autoridades germânicas afirmaram ainda que "as duas partes sublinharam a importância de uma investigação completa e objetiva de todas as circunstâncias relacionadas com o que aconteceu
Tatuagens e ADN
A polícia holandesa enviou já 80 agentes para juntos das famílias das vítimas, de modo a poderem através de ADN, tatuagens ou até cicatrizes identificarem os corpos, que já estarão a ser retirados da zona de queda do avião sem os mínimos cuidados.
Entretanto, os familiares e amigos de 192 passageiros holandeses mortos no voo da Malaysia Airlines, na Ucrânia, estão concentrados perto de Schiphol, o aeroporto internacional de Amsterdão (Holanda), onde aguardam autorização para rumar a Kiev.
Apesar de serem esperadas hoje na capital ucraniana, as autoridades holandesas não deixaram embarcar estas centenas de pessoas enquanto não estiver garantido um acesso seguro entre kiev e zona da queda do avião.
Segundo a agência France Press, são mais de 500 quilómetros que separam as duas regiões. Daí que um dos voos que as levaria até à Ucrânia continue na pista de Schiphol.
Sem acordo para investigação internacional
Ainda assim, os grupos separatistas estão a impedir o acesso total ao local do acidente do Boeing 777 a investigadores ucranianos e a observadores internacionais.
O governo ucraniano e os separatistas que controlam a zona estão em conversações para estabelecer uma zona de segurança à volta do local onde o avião se despenhou e iniciar a investigação ao abate do Boeing 777. Um acordo chegou a ser anunciado pelas autoridades ucranianas, mas um alto responsável dos separatistas desmentiu.
Ontem, os 17 elementos da missão especial de monitorização da OSCE - que reuniu de emergência logo pela manhã de ontem - depararam-se com um cenário de fogo aberto, ontem à tarde, quando se tentaram aproximar da linha de 15 quilómetros, por onde se espalharam os corpos.
O porta-voz do grupo, Michael Bociurkiw, revelou à agência noticiosa Reuters que só após duras de negociações com os rebeldes puderam aceder àquela área, somente por 75 minutos. "Estamos aqui para verificar se o perímetro é seguro e se (os restos mortais) são tratados da forma mais humana possível", terá dito o observador Alexander Hug aos rebeldes, de acordo com Bociurkiw. Os elementos da OSCE tentarão regressar hoje àquela faixa, a 40 quilómetros da Rússia.
Ao início da noite, as forças de resgate pró-russas tinham retirado 182 corpos dos escombros, que se espera venham a rumar à cidade de Kharkiv, sob alçada de Kiev. Mas é notório o cenário de ocultação de provas levado a cabo pelos separatistas.
Publicações de rebeldes em redes sociais, onde se orgulhavam de abater - pensaram eles - um avião de transporte militar ucraniano, foram apagadas. Tal como imagens em que manuseavam uma bateria de mísseis Buk - a mesma arma que rebentou o avião. Já o jornal americano "New York Times " avançou que, horas antes do abate, a Rússia fechou as suas rotas aéreas junto à fronteira ucraniana.
Com o FBI a caminho da Ucrânia e o Pentágono a revelar que a Rússia treinou os rebeldes a manusear mísseis antiaéreos, o presidente do Estados Unidos apontou a Moscovo responsabilidade na tragédia. Segundo Obama, as "mortes são uma atrocidade de proporções indescritíveis", para a qual a Rússia contribuiu, ao incentivar o conflito. O líder americano disse que o míssil saiu da área controlada pelos separatistas.
Entretanto, o paradeiro das caixas negras do avião permanece incógnito. As milícias armadas anunciaram que as acharam, mas o Governo de Kiev também. Ainda ninguém as mostrou.