Estrelas e influencers da Rússia criticam nas redes sociais o conflito militar. Ucranianos mostram sinais de destruição.
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Como do dia para a noite, os vídeos de cores garridas, coreografias e brincadeiras deram lugar às fardas militares, tanques e explosões. A guerra da Ucrânia rapidamente tomou conta da Internet e do TikTok, a rede social mais usada por jovens e adolescentes, que já tem mil milhões de utilizadores registados. Os curtos filmes propagam-se a uma velocidade impossível de controlar e atingem vários milhões de visualizações. Mas muitos deles não são o que dizem ser.
No início do conflito, responsáveis militares ucranianos usaram publicações de filmes de comboios militares para detetar a localização e movimentação das tropas russas. Não passou muito tempo até começarem a surgir em catadupa vários vídeos falsos nas redes sociais. Diziam ser da Ucrânia, mas muitos eram de outros conflitos. E, num caso, o vídeo de armas antiaéreas ucranianas a disparar contra supostos aviões russos até era tirado de um videojogo.
"Influencers" no jogo
A guerra destruiu rotinas e trouxe uma nova realidade para as estrelas e influencers de Rússia e Ucrânia. Foram-se os vídeos de hotéis, de maquilhagem e de dança. Chegaram os filmes dos escombros, dos mísseis e das cidades vazias. Várias das celebridades com maior presença nas redes sociais têm usado o seu alcance para propagar os seus argumentos, quase sempre contra a guerra e contra Putin. Até familiares de políticos e oligarcas russos se atreveram a protestar contra a invasão.
As filhas de Dmitri Peskov, assessor de comunicação de Putin, e de Roman Abramovich, magnata proprietário do Chelsea, fizeram publicações a dizer: "Não à guerra". Mazx Galkin, marido de Alla Pugacheva, uma das maiores estrelas russas, enviou aos seus 9,4 milhões de seguidores um quadrado negro também com a expressão "Não à guerra". O jornal "The Guardian" destaca ainda a designer de moda Svetlana Taccori, a "influencer" Lova Olala e a jornalista Ilya Varlamov como outras personalidades que já se manifestaram contra a guerra e a violência na Ucrânia.
Do lado ucraniano, as estrelas das redes sociais têm feito regularmente publicações a mostrar como a sua vida mudou após a invasão. Anna Prytula partilhou com o milhão de seguidores os mísseis a rasgar o céu e a cair sobre a sua cidade natal de Lviv. Elena Madziuk, uma blogger de viagens, publicou um vídeo onde ensina a fazer cocktails molotov. A "influencer" Marta Vasyuta partilhou através do TikTok vários vídeos da destruição causada por ataques aéreos russos.
Como explicar o conflito às crianças
Nos últimos dias, o nosso quotidiano foi invadido pelo conflito na Ucrânia. A guerra entrou rapidamente para o topo da agenda mediática e não dá sinais de tão cedo vir a sair de lá. As crianças não são ingénuas e facilmente se apercebem de que algo estranho está a acontecer. Muitas terão dúvidas e inquietações sobre imagens, notícias ou conversas a que foram expostas. Cabe aos pais e educadores dar-lhes explicações e evitar que tenham ansiedade e medo. A organização internacional Save The Chidren publicou um guia baseado na sua experiência com crianças em conflitos. A psicóloga infantil Ane Lemche dá cinco dicas a pais e cuidadores e realça que é um erro manter as crianças na ignorância. "Evitar o tópico pode levar a que elas se sintam perdidas, sós e ainda com mais medo. É essencial ter conversas abertas e honestas com elas para as ajudar a processar o que está a acontecer", afirma a psicóloga.
1. Encontre tempo e ouça quando a criança quiser falar. É importante perceber o que elas já viram e ouviram e o que pensam. Incentive a que elas falem e façam perguntas.
2. Adeque a conversa à idade da criança. As mais novas podem não perceber os conceitos de guerra e conflito e precisam de uma simplificação. Evite demasiados detalhes, pois pode deixá-las ansiosas. Crianças mais novas podem ficar satisfeitas apenas por saber que às vezes os países lutam. As mais velhas até podem já saber o que é a guerra, mas isso pode preocupá-las mais, pois têm noção dos perigos.
2. Valide os seus sentimentos. É importante que as crianças se sintam apoiadas. Não se devem sentir julgadas ou ignoradas. Conversar abertamente sobre as coisas que as apoquentam dá-lhes alívio e segurança.
3. Diga que os adultos estão a tentar resolver a situação. Este não é um problema das crianças e elas não se devem sentir culpadas de brincar e fazer coisas que as deixem felizes. Mostrem calma.
4. Sugira uma maneira de ajudar os afetados. Coisas simples como um fazer desenho a apelar à paz ou escrever uma carta podem fazer com que as crianças se sintam como parte da solução. As mais velhas ainda poderão gostar de contribuir com roupas e brinquedos ou até promover uma angariação de fundos.