"Nós viemos para aqui a ver se conseguimos um lugar nas camionetas para Paris, mas ainda não sabemos se vamos ter sorte". Antero Vieira era um entre as centenas de passageiros que, ontem, acorreram aos escritórios da InterNorte, no Porto, para obter uma viagem num dos muitos autocarros que estavam a ser disponibilizados para levar viajantes para França, por não terem conseguido viajar de avião devido ao encerramento dos aeroportos.
Corpo do artigo
"O meu filho precisa de estar amanhã em França para voltar a trabalhar e a minha neta tem um exame também", referiu Antero Vieira, que é emigrante naquele país há 46 anos.
"Devíamos ter embarcado para St. Etienne hoje às 13,15 horas, só que o voo foi cancelado. E, então, decidimos vir aqui arranjar viagens de autocarro", explicou.
Armindo Couto acabava de sair da empresa de camionagem com um bilhete de regresso a França, onde trabalha. "Já estou retido no aeroporto desde quinta-feira e hoje vim aqui comprar um bilhete de autocarro. No aeroporto disseram-nos que procurássemos nos desenrascar porque antes de sexta-feira não vai haver voos para ninguém", referiu. Armindo Couto decidiu, então, ficar até quarta-feira, altura em que segue de camioneta para Paris.
Segundo apurámos, a InterNorte reforçou as viagens regulares de autocarros. Ontem, durante todo o dia, vivia-se na Praça da Galiza, no Porto, um grande movimento de passageiros e camionetas.
Os turistas que ficam retidos entre nós vêem-se obrigados a permanecer em hotéis, cujas estadias são pagas pelas companhias de aviação.
No Algarve, o número de turistas retidos naquela região é enorme, na medida em que a grande maioria é oriunda de países onde os aeroportos estão encerrados há muito.
Contudo, Elidérico Viegas, da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve, disse ao JN que o facto de haver muitas turistas retidos em hotéis não resultou em vantagens para os hoteleiros.
"O número de turistas que eram esperados nesta época era grande. Mas como os aviões não voam, não vieram e, por isso, estamos a ser penalizados", referiu.
Elidérico Viegas realçou que os hoteleiros já estão habituados a lidar com a suspensão dos voos e com os transtornos causados, nomeadamente nos momentos das greves nos transportes aéreos.