Rei de Espanha: “Borrell conseguiu que a voz da Europa se ouça como referência de valores"
O rei de Espanha considerou, hoje, que Josep Borrell, alto representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, tornou possível que o Mundo escute a Europa como uma “referência de valores e de respeito pelos Direitos Humanos”, num cenário mundial “caracterizado por uma conflitualidade generalizada".
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Filipe VI, que presidiu à inauguração do Foro La Toja, na ilha de A Toxa, Galiza, entregou ao chefe da diplomacia europeia o prémio Josep Piqué, iniciativa da organização daquele evento, homenageando-o pelo tempo que dedicou “ao serviço público”, bem como a sua “personalidade, valentia, solidez de valores, conhecimento, rigor e profundas convicções democráticas, que são um grande exemplo para todos”.
“A sua etapa à frente da política exterior da União Europeia foi tudo menos tranquila, mas, apesar das dificuldades, conseguiu que a voz da Europa se ouça como uma referência de valores, de respeito ao direito internacional e de compromisso democrático e com os Direitos Humanos (DDHH), desde a Palestina à Venezuela, passando pela Ucrânia ou o Sahel”, declarou o rei de Espanha, referindo que Borrell e a sua equipa “não pouparam esforços para conseguir manter a sua capacidade de ação, influência e representação da União Europeia em todo o Mundo”.
“Em Gaza está enterrado o direito internacional humanitário”
O espanhol Josep Borrell, vice-presidente da Comissão Europeia, agradeceu o reconhecimento, através do prémio que tem o nome do primeiro presidente e fundador do Foro La Toja, Josep Piqué, falecido em abril de 2023.
“Sinto-me profundamente honrado e agradeço-o de coração”, disse Borrell, lembrando que dedicou ao cargo “toda a capacidade física e intelectual que podia”. “Mas se a obra humana fosse julgada pelos resultados, então não estou seguro que fosse aprovado, porque os resultados estão muito longe de ser os que desejava e de que necessitamos”, afirmou, referindo ter recebido “uma enorme lição de humildade” porque constatou, enquanto chefe da diplomacia europeia, “quão difícil é resolver os problemas graves que afetam a Humanidade e como muitos deles aparentam não ter solução”.
“Foi uma lição de humildade porque vi como a inteligência e o esforço esbarram na estupidez humana, e como a dor e desgraça dos nossos vizinhos mais aumentam que diminuem”, disse num emocionado discurso, que encerrou dedicando as últimas palavras à guerra no Médio Oriente. “A guerra nessa maldita terra santa. Essa terra tantas vezes prometidas e que há cem anos é cenário de luta entre dois povos, que combatem por ela e para os quais a única solução é partilhá-la”, referiu, rematando que "debaixo das ruínas de Gaza estão enterrados, não só dezenas de milhares de mortos, mas também o direito internacional humanitário”.