O rei Juan Carlos, de Espanha, abdicou do trono, esta segunda-feira. A comunicação foi feita pelo primeiro-ministro, Mariano Rajoy, às 10.30 horas locais (9.30 horas em Portugal Continental). Numa declaração pública dirigida aos espanhóis, Juan Carlos explica que abdica em favor de uma nova geração capaz de enfrentar as mudanças e reformas exigidas pela atual conjuntura.
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"Sua Majestade o rei Juan Carlos acaba de comunicar-me a sua vontade de renunciar ao trono e abrir o processo sucessório", afirmou o primeiro-ministro Mariano Rajoy, sem revelar os motivos da abdicação.
O rei explicou, algumas horas mais tarde, os seus motivos. "Hoje merece passar à primeira linha uma geração mais jovem, com novas energias, decidida a empreender com determinação as transformações e reformas que a conjuntura atual está a exigir", disse, numa declaração aos espanhóis transmitida pela rádio e pela televisão.
Um pouco debilitado devido a problemas de saúde, o rei já havia admitido, há algum tempo, a possibilidade de ceder o trono ao príncipe Felipe. Contudo, fontes da Casa do Rei, citadas pelo jornal "ABC", disseram que a decisão - "muito meditada" - já havia sido tomada em janeiro e não está relacionada nem com o estado de saúde nem com "conjeturas de qualquer outro tipo".
"Espero que em breve as Cortes espanholas possam proceder à nomeação como rei daquele que é hoje o príncipe das Astúrias", escareceu Rajoy.
O chefe do Governo espanhol disse que encontrou o rei "convencido de que este é o melhor momento para produzir esta mudança (...) e ceder a coroa ao príncipe das Astúrias".
Numa declaração institucional inesperada, anunciada esta segunda-feira de manhã, Mariano Rajoy disse ter sido contactado pelo monarca espanhol, que o informou que quer abdicar para o seu filho, Felipe de Borbón, que reinará como Felipe VI.
"Este processo vai desenvolver-se com plena normalidade, num contexto de estabilidade institucional e como mais uma expressão da maturidade da nossa democracia", afirmou Rajoy.
O chefe de Governo anunciou a realização, terça-feira, de um Conselho de Ministros extraordinário para cumprir os trâmites da Constituição, esperando que em breve as Cortes possam proceder à proclamação de Felipe de Borbon como rei de Espanha.
"Estou convencido de que os espanhóis saberão escrever esta nova fase da nossa história com maturidade e agradecimento à figura de sua majestada, o rei", afirmou.
Rajoy disse querer "render homenagem a quem durante estes anos encarnou o ponto de encontro de todos os espanhóis e o melhor símbolo da convivência em paz e em liberdade", tendo sido "o principal impulsionador da democracia, tão rapidamente quanto chegou ao trono que agora abandona".
"Foi o melhor porta-voz e a melhor imagem do reino de Espanha por todos os cantos do mundo e um defensor incansável em defesa dos nossos interesses. Renuncia ao trono uma figura histórica, tão estreitamente vinculada à democracia espanhola que não se pode entender uma sem a outra", declarou.
Para Rajoy, todos os espanhóis ficam com uma "grande dívida de gratidão" ao monarca.