O secretário de Estado Adjunto da Economia antecipou esta quarta-feira que as relações comerciais entre Portugal e a Venezuela continuem a decorrer "com normalidade" após a morte de Hugo Chávez, pois foram "consolidadas" numa perspetiva "Estado a Estado".
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"O presidente Chávez era uma pessoa com um carisma e com uma personalidade fortes e que foi, de facto, um amigo de Portugal, o que se verificou no estreitamento das relações entre os dois países, designadamente ao nível comercial, mas também pelo respeito que sempre teve pela comunidade portuguesa [na Venezuela], que é expressiva", afirmou António Almeida Henriques, em declarações à agência Lusa.
Contudo, salientou, "no último ano e meio, as relações entre os dois países incrementaram-se numa lógica mais Estado a Estado", pelo que "todo este processo de transição deverá decorrer com normalidade, continuando a promover-se os negócios" entre os dois países.
"Independentemente das circunstâncias, do luto que o país vive e das eleições que teremos nos próximos tempos, a relação Estado a Estado está estabilizada e a expectativa que tenho é que possamos continuar a ajudar as empresas portuguesas a exportarem cada vez mais para este mercado", afirmou o secretário de Estado.
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, morreu na terça-feira, em Caracas, quase três meses depois de ter sido operado pela quarta vez a um cancro, a 11 de dezembro de 2012, em Havana, e quase cinco meses depois de ter sido reeleito para o seu terceiro mandato, em 07 de outubro.
Chávez, que morreu com 58 anos, regressou à Venezuela em 18 de fevereiro, ficou internado no Hospital Militar de Caracas e não chegou a tomar posse como Presidente, ficando o lugar assegurado pelo vice-presidente, Nicolás Maduro, numa decisão autorizada pela Justiça venezuelana apesar dos protestos da oposição.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Venezuela anunciou que Nicolás Maduro assumirá formalmente as funções de Presidente interino e que dentro de 30 dias haverá eleições.
À Lusa, Almeida Henriques destacou que a Venezuela "terá que continuar a ser uma prioridade" no âmbito da estratégia portuguesa de diversificação dos mercados externos, depois de 2012 ter já sido "o melhor ano de sempre" nas relações entre os dois países, com Portugal a passar da 46.ª posição (em 2008) para a 11.ª na lista de fornecedores da Venezuela, para onde exportou mais de 500 milhões de euros.
Atualmente, a Venezuela é o 2.º principal mercado de Portugal na América Latina.
Segundo o secretário de Estado, entre Portugal e a Venezuela "há um 'pipeline' de negócios que vão desde a área dos medicamentos, passando pela área alimentar, dos serviços (gás, eletricidade, telecomunicações) e da construção de habitação.
"Há aqui claramente uma série de dossiês que têm vindo a ser trabalhados e que irão ser, espero eu, concluídos na próxima Comissão Mista [Bilateral]", disse.
Agendada para 15 e 16 de março em Caracas e 1 e 2 de abril em Lisboa, a Comissão Mista Bilateral mantém, por enquanto, as datas previstas, mas Almeida Henriques não põe de lado "algum ajustamento" na sequência da morte de Chávez: "Para já não há nenhuma indicação, mas obviamente que transmitimos ao Governo venezuelano a disponibilidade para fazer algum ajustamento, caso assim o entendam", adiantou.