Aline Ghammachi perdeu um alto cargo na Igreja Católica depois ser alvo de denúncias anónimas sobre maus-tratos e desvio de fundos, mas também por ser descrita como “bonita demais” para seguir os caminhos da fé. A freira, que em 2018 se tornou a mais jovem abadessa de Itália, nega as acusações de ilegalidades.
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Foi no dia da morte do Papa Francisco, a 21 de abril de 2025, que a brasileira Aline Pereira Ghammachi, de 41 anos, foi afastada do cargo de madre-abadessa do mosteiro San Giacomo di Veglia, em Itália, depois de uma denúncia anónima de maus-tratos, desvio de fundos e abuso de poder.
As acusações já tinham sido feitas em 2023. Na altura, o Papa Francisco iniciou uma auditoria à gestão do mosteiro, mas não foram encontradas quaisquer irregularidades, pelo que o caso foi arquivado. No ano passado, o processo foi reaberto e Aline acusou o frei Mauro Giuseppe Lepori de ter contribuído para a reabertura do caso, após ter criticado o posicionamento da freira na Igreja Católica. O abade-chefe terá feito comentários sobre a aparência de Aline, criticando-a por ser jovem, brasileira e mulher, e ainda por ser “bonita demais para ser freira”.
A jovem não aceita o afastamento do cargo de madre-abadessa que lhe foi imposto, sob o pretexto de necessitar de “amadurecimento psicológico”, pelo que decidiu recorrer ao Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica e trazer o caso a público, com o pedido de ajuda ao Papa Leão XIV. A situação causou polémica no mosteiro onde permanecia, que ficou reduzido a metade após a saída da freira.
Aline Pereira Ghammachi reside em Itália desde 2005 e foi nomeada para o cargo de madre-abadessa aos 33 anos. A brasileira natural de Macapá, estado de Amapá, é licenciada em administração de empresas, mas foi aos 15 anos que surgiu a vontade de ingressar no caminho religioso.