Representantes de três países europeus não chegaram, esta terça-feira, a um acordo com o homólogo iraniano, sendo que, sem uma solução para o programa nuclear iraniano, o trio ameaça o Irão com sanções, disse um diplomata citado pela AP.
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O diplomata, que pediu para não ser identificado, disse que os esforços vão continuar na procura de uma solução antes do prazo final da Alemanha, Reino Unido e França (grupo conhecido como E3) para um acordo, após a reunião na Suiça.
O E3 está pronto para acionar sanções das Nações Unidas (ONU) se não for encontrada nenhuma solução negociável para o programa nuclear iraniano até ao final de agosto, indicou o grupo numa carta enviada em 14 de agosto ao secretário-geral da ONU, António Guterres.
O objetivo final é invocar o chamado "mecanismo de recuperação" do acordo nuclear iraniano de 2015.
A cláusula de devolução do acordo nuclear iraniano de 2015 pode ser invocada por qualquer parte se o Irão não cumprir os requisitos.
Se o Irão estiver em incumprimento são reimpostas as sanções do pré-acordo sem ser vetado pelos membros do Conselho de Segurança da ONU, incluindo os membros permanentes, a Rússia e a China.
O E3, juntamente com China, Rússia e Estados Unidos (EUA), estiveram nas negociações do acordo nuclear de 2015 com as autoridades iranianas.
O acordo previa o controlo das atividades nucleares iranianas em troca do fim das sanções internacionais.
Em 2018, o acordo ficou sem efeito com a retirada unilateral dos EUA, durante a primeira presidência de Donald Trump (2017-2021).
Há meses que o Ocidente tenta renegociar um tratado para regular o programa nuclear, apesar das suspeitas de que o Irão procura adquirir armas nucleares, o que o país nega.
A preocupação dos europeus com o programa nuclear iraniano, só aumentou desde que Teerão, capital do Irão cortou toda a cooperação com a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), o organismo de vigilância nuclear da ONU, após o conflito em junho com Israel, que resultou no bombardeamento das instalações atómicas iranianas.
De acordo com a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), o Irão é o único Estado sem armas nucleares a enriquecer urânio a um nível elevado (60%), muito acima do limite de 3,67% estabelecido pelo tratado.
A guerra, desencadeada pelo ataque israelita atrasou o programa iraniano, mas também interrompeu as negociações entre Teerão e Washington, por um lado, e com os três países europeus, por outro.