O nosso Universo é um entre muitos. Mas o número total de universos é finito. E os múltiplos universos existentes são semelhantes entre eles, segundo o físico Stephen Hawking, que morreu a 14 de março.
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A visão final de Stephen Hawking sobre o cosmos foi agora publicada a título póstumo na revista "Journal of High Energy Physics".
O trabalho foi desenvolvido em colaboração com o seu colaborador Thomas Hertog, da Universidade de Lovaina (Bélgica), e tem por base a Teoria das Cordas (modelo físico matemático segundo o qual as partículas elementares são na realidade minúsculas cordas que vibram) e o conceito de multiverso (que defende a existência de múltiplos universos).
Hawking e Hertog defendem que o seu modelo tem a vantagem de, em comparação com outros modelos, permitir fazer previsões sobre fenómenos que podem ser observados. Ou seja, é possível comprovar experimentalmente se é válido.
"O nosso objetivo foi traduzir o estudo da origem do Universo inteiramente no campo das ciências naturais. Isto significa que desenvolvemos teorias do Universo que são ao mesmo tempo matematicamente consistentes e comprováveis com observações", explicou Hertog, citado pela edição online do jornal espanhol "La Vanguardia".
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As observações que podem indicar no futuro se o modelo de Hawking e Hertog é válido são as "ondas gravitacionais geradas no início do universo", acrescentou o cosmólogo. Estas ondas, que nunca foram observadas, podem ser detetadas com instrumentos mais avançados do que existem atualmente, defende.
Também poderão ser detetadas de forma indireta através do sinal que devem deixar na radiação cósmica de fundo, popularmente conhecida como eco do "Big Bang", acrescentou Carlos Sopuerta, físico do instituto de estudos espaciais da Catalunha.
As teorias atuais sobre o "Big Bang" indicam que o nosso Universo nasceu devido a uma grande explosão e expandiu-se numa fração de segundo. "Uma vez iniciada a expansão, há regiões onde nunca parou", refere em comunicado a Universidade de Cambridge, onde Hawking trabalhou. "Acredita-se que os efeitos quânticos podem manter a expansão em curso para sempre em algumas regiões do universo, de forma que a expansão é eterna. A parte observável do nosso Universo seria, portanto, apenas uma região onde a expansão terminou e onde se formaram estrelas e galáxias."
"O ponto chave da nossa teoria é que o alcance de universos possíveis se encurta", esclarece Hertog. "Isto faz com que a cosmologia com base nesta teoria seja mais preditiva, cientificamente mais sólida e, esperamos, em última estância comprovável".
"Este artigo final é o culminar do trabalho que Stephen e eu fizemos juntos nos últimos anos", frisou Hertog, que começou a trabalhar com o reconhecido físico no final dos anos 90 como aluno de doutoramento.