Primeiro-ministo garante não estar "assustado" com desafios e antecipa futuro. A agenda de trabalhos começou com nomeação dos rostos do elenco governativo. Ministros das Finanças e da Defesa transitam do Executivo anterior.
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Quatro minutos chegaram para que Rishi Sunak, indigitado primeiro-ministro pelo rei Carlos III na manhã desta terça-feira, oferecesse um vislumbre do que será o seu mandato, sem nunca esquecer o legado de Liz Truss. No primeiro discurso enquanto chefe do Governo, prometeu consertar os "erros" cometidos pela antecessora e apostou na nomeação de novos governantes. Jeremy Hunt, nomeado ministro das Finanças há pouco mais de uma semana, e Ben Wallace, ministro da Defesa, transitam do anterior Governo.
Apesar de a conjuntura em que inicia funções, Sunak garantiu não estar "assustado" com a herança que carrega, assegurando que se irá empenhar para "restaurar a confiança" dos britânicos, colocando "as necessidades acima da política". O plano já está traçado e passa por "um sistema de saúde mais forte, melhores escolas, ruas mais seguras, controlo das fronteiras, proteção do ambiente, apoio às Forças Armadas e uma economia que abrace as oportunidades do Brexit", enumerou o chefe de Downing Street em frente à nova morada, que cerca de uma hora antes serviu de palco para a despedida de Liz Truss.
Ainda que Rishi Sunak tenha colocado em evidência as falhas na liderança de Truss, no último discurso enquanto primeira-ministra, a conservadora frisou que "foi uma honra" exercer o cargo, enaltecendo que o Governo que encabeçou "agiu de forma urgente", não manifestando arrependimento pelas decisões. O discurso terminou com votos de "sucesso" a Sunak, que deverá "tomar decisões ousadas", aconselhou.
O primeiro desafio passa pela formação de um Governo que garanta estabilidade e união ao país, depois do caos deixado por Truss. Na hora de decisão, frisa a imprensa britânica, Sunak optou pela competência ao invés da lealdade, critério que Truss priorizou.
Nomeação traz surpresa
Jeremy Hunt, ministro das Finanças, continuará nas rédeas da Tutela, tal como Ben Wallace, ministro da Defesa, que se tem demonstrado um admirador de Sunak. James Cleverly mantém-se como ministro dos Negócios Estrangeiros, Dominic Raab passará a ser vice-primeiro-ministro e ministro da Justiça e Grant Shapps estreia-se como ministro do Comércio.
Mel Stride, opositor ao Brexit, é agora ministro do Trabalho e Gillian Keegan, que se estreia como ministra, assume a Educação. Na área do Ambiente, Sunak escolheu Thérèse Coffey. A pasta da Saúde será comandada por Steve Barclay.
A grande surpresa é a nomeação de Suella Braverman como ministra do Interior, já que na semana passada se demitiu devido a um "erro". Penny Mordaunt, que desistiu da corrida à liderança dos tories, permanece como líder da Câmara dos Comuns.
A conjuntura atual espelha ainda a urgência de um novo plano fiscal, que deverá ser apresentado na segunda-feira. As decisões tomadas por Sunak constituem um dos testes iniciais ao qual será sujeito perante o olhar atento, não só dos britânicos, como do Banco de Inglaterra. Entre as "decisões difíceis" que antecipou, Sunak terá de observar à lupa as contas e redesenhar um orçamento que determinará se as pensões e a carga fiscal terão de ser reajustadas, o que pode ditar, desde cedo, a reputação do primeiro-ministro.
Além das questões domésticas e dos desafios internacionais, Sunak terá de enfrentar a provocação da oposição, que continua a pedir eleições antecipadas. Keir Starmer, líder do Partido Trabalhista, não foi brando com o chefe do Executivo, antecipando que será "um primeiro-ministro fraco que terá de colocar o partido em primeiro lugar ".
Para Aubrey Allegretti, colunista do jornal britânico "The Guardian", o período "de lua-de-mel [que Sunak está a viver] será de curta duração. O primeiro-ministro deverá enfrentar os mesmos problemas que a antecessora", antecipa.