Roger Waters acusa lobby israelita de lhe negar alojamento em Montevideu e Buenos Aires
O autor, compositor e intérprete britânico Roger Waters atribuiu, esta quarta-feira, ao "lobby israelita" responsabilidades por não conseguir alojar-se nos hotéis de Montevideu e Buenos Aires, onde tem concertos agendados, revelou em entrevista a um jornal argentino.
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O fundador dos Pink Floyd, que deu recentemente vários concertos no Brasil, no âmbito da sua digressão "This is Not a Drill", tem concerto marcado em Montevideu (Uruguai) na sexta-feira e em Buenos Aires (Argentina) na terça-feira e quarta-feira da próxima semana.
No entanto, o artista de 80 anos disse ao jornal "Pagina 12" que não teve outra opção que não ficar alojado em São Paulo (Brasil), onde deu concertos no sábado e no domingo, e voar a partir dali no próprio dia dos concertos. "De uma maneira ou de outra, os idiotas do lobby israelita conseguiram angariar todos os hotéis de Buenos Aires e Montevideu e organizaram esse boicote extraordinário baseado em mentiras maliciosas (...) sobre mim", disse ao jornal.
A AFP contactou os hotéis de Montevideu, que não estiveram disponíveis para fazer comentários.
Os presidentes do Comité central israelita do Uruguai, Roby Schindler, e da ONG judaica B'Nai B'Rith, Franklin Rosenfeld, acusaram esta semana Roger Waters de ser um "propagador" do ódio contra os judeus, em cartas enviadas ao hotel Sofitel da capital uruguaia e difundida nas redes socaiais.
Schindler qualificou Roger Waters de "misógino, xenófobo e antissemita", enquanto Rosenfeld ameaçou lançar uma campanha anti-Sofitel se o hotel acolhesse o "artista antissemita".
"Nunca tive um pensamento antissemita que fosse em toda a minha vida", defendeu-se Roger Waters na entrevista ao "Pagina 12", sublinhando que as suas críticas visam as ações do Governo israelita.
Várias polémicas envolveram em 2023 o músico empenhado na defesa dos direitos humanos, tendo denunciado junto da ONU a invasão russa da Ucrânia, mas também aqueles que a provocaram.
O músico também tem defendido nos últimos anos ações de boicote a produtos israelitas em nome da defesa da causa palestiniana.
A digressão "This is Not a Drill" começou em julho de 2022 nos EUA, tendo depois seguido para a Europa e deve terminar a 9 de dezembro no Equador, depois dos últimos concertos no Chile, Peru, Costa Rica e Colômbia.