Os serviços secretos russos alertaram por diversas vezes o FBI sobre as ligações extremistas de Tamerlan Tsarnaev, o irmão mais velho de Dzhojar, o único acusado pelo atentado na maratona de Boston, no qual morreram três pessoas e mais de 300 ficaram feridas. As autoridades norte-americanas não acreditaram que o russo pudesse ser uma ameaça e deixaram-no sem vigilância.
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Tamerlan Tsarnaev chegou a ser investigado, no verão de 2011, pelo FBI, depois de informações dos serviços secretos russos darem conta de que se teria tornado seguidor de islamistas radicais. Na altura, os agentes federais norte-americanos interrogaram três vezes Tamerlan e uma vez a sua mãe.
O FBI não encontrou nenhum indícios de que Tamerlan Tsarnaev fosse uma ameaça ativa e colocou o nome do russo na base de dados de terroristas identificados, de acordo com fontes ligadas à investigação do atentado de Boston, citada pela Reuters. A base de dados, que reúne mais de 500 mil nomes, é um mero repositório de informação de pessoas que as autoridades norte-americanas consideram como suspeito ou potencial terrorista.
Os serviços secretos russos voltaram a insistir no perigo que Tamarlan representava, após a viagem que fez ao Daguestão e à Chechenia, em janeiro de 2012.
Em Janeiro de 2012, Tamerlan viajou durante mais de seis meses, sem que o FBI se tenha dado conta da deslocação do russo. Segundo explicou o senador Lindsey Graham, no final de uma audiência à porta fechada com o FBI, os agentes federais atribuíram a culpa à errata da companhia aérea, que não escreveu bem o nome do passageiro, razão pela qual não foi emitido o alerta a partir da base de dados.
O primeiro alerta foi dado aos Estados Unidos, no final de 2010, numa altura em que Tamerlan, nascido no Quirguistão de pais chechenos e residentes em Cambridge, nos EUA, preparava uma viagem ao Daguistão e à Chechénia. Segundo então informaram os serviços secretos russos, Tamerlan tinha contactos com grupos extremistas.
Vários senadores questionaram a descoordenação das agências na vigilância dos suspeitos de terrorismo, apesar das reformas introduzidas após 2001. "Continua a haver graves problemas de partilha de informação", explicou a senadora republicana Susan Collins. Após ter ouvido as explicações do FBI, Collins saiu com a impressão de que pouco mudou, desde o 11 de Setembro: não só as agências de inteligência e segurança continuam sem comunicar entre si, como os funcionários de uma agência não partilham as informações que têm sobre um determinado suspeito, disse.
O FBI não seguiu as partilhas digitais de Tamerlan, que se tornaram cada vez mais radicais e mais frequentes, após a viagem à Rússia. Quando regressou a Cambridge, no verão de 2012, começou a publicar vídeos de extremistas islâmicos no YouTube e a navegar por páginas da Al Qaida, que explicam como construir bombas.
"Creio terem existido sinais de que estes indivíduos estavam a radicalizar-se", disse o senador Marco Rubio, também presente na audiência.