A Rússia deu esta sexta-feira duas semanas ao embaixador da Letónia para deixar o país, uma decisão tomada quatro dias depois do executivo letão ter adotado idêntica medida em relação ao embaixador russo em Riga.
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"O embaixador letão (Maris) Riekstins recebeu ordem para deixar a Federação Russa dentro de duas semanas", revelou o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo em comunicado, na realidade antecipando apenas a saída do diplomata, que já tinha sido decidida pela Letónia.
A Rússia sobrepõe assim a sua decisão à anunciada no inicio da semana por Riga, que tinha decidido retirar o seu embaixador, a partir de 24 de fevereiro, e reduzir as relações diplomáticas com Moscovo ao nível de encarregado de negócios.
O conflito diplomático entre os dois países começou quando o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia expulsou o embaixador de outro país báltico, a Estónia, que tinha decidido reduzir a sua representação diplomática em território russo.
Em resposta, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Estónia, Urmas Reinsalu, disse que o embaixador russo em Tallin também teria de deixar o país e a Letónia, num sinal de solidariedade para com o pais vizinho, tomou idêntica medida.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros russo manifestou "um forte protesto" ao representante letão sobre a decisão de Riga e disse não aceitar a "solidariedade" com a Estónia como desculpa para a decisão de reduzir o nível das relações diplomáticas entre os dois países.
"A solidariedade entre estes países reside apenas na russofobia total e no desejo de avançar para medidas hostis contra a Rússia, algo que é patrocinado pelos Estados Unidos e outros países pouco amigáveis", acusou a diplomacia russa.
Assim, "não consideramos necessário esperar pela data indicada por Riga para que os embaixadores completem as suas missões", disse o ministério russo no comunicado.
Os estados bálticos têm fundamentado as suas decisões na continuação da agressão militar em larga escala contra a Ucrânia, lançada em 24 de fevereiro de 2022.
A agência oficial russa TASS noticiou esta semana que os países ocidentais expulsaram 574 funcionários diplomáticos russos desde que a Rússia invadiu a Ucrânia.
A Bulgária foi o país que expulsou mais diplomatas russos desde há um ano: 83, de acordo com os dados compilados pela agência russa.
Dos restantes, destacam-se Polónia (45 expulsões), Alemanha (40), Eslováquia e França (35 cada), Eslovénia (33), Itália (30), Estados Unidos (28) e União Europeia (19).
A ofensiva militar lançada pela Rússia na Ucrânia foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento e ajuda económica e humanitária para Kiev e a imposição à Rússia de sanções políticas e económicas sem precedentes.
A guerra causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e quase oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 7.068 civis mortos e 11.415 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.