A Rússia não está interessada na divisão da Ucrânia, mas garante que a segunda coluna de ajuda humanitária que vai enviar ao leste ucraniano, onde os separatistas pró-russos estão concentrados, não será a última.
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O chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, garantiu que Moscovo não está interessado na divisão da Ucrânia, embora respeite as declarações de independência dos separatistas das regiões de Donetsk e Lugansk, que há três meses confrontam as forças ucranianas no leste do país.
"Temos total respeito pelos resultados [do referendo realizado em maio] e consideramos que a vontade expressa pelos cidadãos do leste da Ucrânia deve ser implementada politicamente, através de negociações. Mas não estamos interessados na divisão [da Ucrânia]", frisou, num encontro com apoiantes.
Na sequência da instabilidade política na Ucrânia, a Rússia anexou a Crimeia, em março, abrindo caminho à realização de referendos em Lugansk e Donetsk, regiões ucranianas com uma população maioritariamente russa. Porém, as consultas populares foram consideradas ilegítimas por Ucrânia e aliados ocidentais.
Desde maio, as duas regiões estão sob controlo dos separatistas pró-Rússia, cujo confronto com as tropas ucranianas já terá causado mais de 2200 mortos e dezenas de milhares de deslocados.
Lavrov garante que é do interesse de Moscovo e de Kiev "preservar uma larga população russa na Ucrânia", mas, para isso, a Ucrânia tem de ser "um sítio confortável para os russos".
Entretanto, o chefe da diplomacia russa salientou que a segunda coluna de ajuda humanitária que a Rússia pretende enviar para assistir as populações de Donetsk e Lugansk "não será a última".
Lavrov sublinhou, porém, que Moscovo está à espera de "soluções técnicas e logísticas" para proceder ao envio dessa segunda ajuda, esperando que poder fazê-lo "num futuro próximo".
Na semana passada, a Rússia enviou uma coluna de 262 camiões transportando ajuda humanitária para território ucraniano, controlado pelos separatistas pró-Moscovo, no que foi considerada uma violação do direito internacional.
O presidente russo, Vladimir Putin, explicou, na altura, que o incumprimento das formalidades ficou a dever-se aos obstáculos que Kiev colocou ao envio do auxílio humanitário.
Moscovo tem acusado Kiev de "crimes de guerra" no conflito no leste da Ucrânia.