O ministro da Defesa russo ordenou a retirada das suas tropas da cidade de Kherson, no sul da Ucrânia, esta quarta-feira, diante de uma vasta contraofensiva ucraniana.
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As tropas da Rússia vão retirar-se do lado ocidental (margem esquerda) do rio Dniepre, noticia a agência russa.
"Continuem a retirar os soldados", disse o ministro Sergei Shoigu ao general Sergei Surovikin, comandante das operações russas na Ucrânia, admitindo que a decisão de se retirar para a margem direita do rio Dniepre"não foi nada fácil".
O anúncio surge pouco depois de a imprensa russa revelar a morte do vice-governador pró-russo de Kherson, Kirill Stremousov. Visto como um dos principais apoiantes da ocupação de Kherson, alertou há apenas seis dias que era "mais provável" que as forças russas tivessem de cruzar para a margem leste.
As autoridades pró-russas de Kherson admitiram na terça-feira a superioridade numérica das forças ucranianas na região. "Apesar da superioridade numérica das forças armadas ucranianas", os soldados russos "repelem com sucesso todos os ataques", disse na altura o vice-governador.
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Embora o avanço ucraniano tenha diminuído nas últimas semanas, as linhas de abastecimento da Rússia através do rio Dniepre tornaram-se cada vez mais difíceis depois de as poucas pontes terem sido destruídas por mísseis ucranianos.
A cidade de Kherson foi o primeiro centro urbano capturado pela Rússia durante a sua "operação militar especial" e a única capital regional controlada pelos russos desde o início da ofensiva em 24 de fevereiro. A Rússia decidiu anexar a região de Kherson, juntamente com Donetsk, Lugansk e Zaporíjia no final de setembro depois de organizar aquilo que chamou "referendos", considerados ilegais por Kiev e pelo Ocidente.
As forças da Ucrânia capturam há semanas vilas a caminho da cidade perto do Mar Negro e a Rússia tem retirado milhares de civis da cidade de barco, naquilo que a Kiev considerou ser uma deportação forçada.
Uma vitória ucraniana na região do Mar Negro cortaria a ponte terrestre que o Kremlin estabeleceu da Rússia até à Crimeia, a península que Moscovo anexou em 2014.
Desconhece-se o número de baixas civis e militares da guerra na Ucrânia, mas diversas fontes, incluindo a ONU, têm alertado que será elevado.
A invasão russa da Ucrânia mergulhou a Europa naquela que é considerada a pior crise de segurança desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).