Anna Pogrebtsova, presidente da associação russa "Pushkin", queixa-se que os russos a viver em Portugal estão a ser vítimas de "xenofobia" e de "mensagens agressivas" nas redes sociais, por causa da guerra com a Ucrânia, e pede ao governo português que "tome medidas", com uma "chamada de atenção", pois Portugal é um "país democrático, que promove os valores da humanidade e da igualdade".
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A associação "Pushkin" foi criada em 2018, visando o intercâmbio entre as duas nações. Por sentirem que, nos últimos tempos, o dedo acusatório virou-se contra os russos a residirem no nosso país, foi criado um grupo no Facebook para denunciar esse clima de "bullying".
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Segundo Anna Pogrebtsova, "o grupo só existe há três ou quatro dias, mas já conta com cerca de 350 participantes e cada tem a sua história". No geral, "quem ameaça diz que os russos têm que pagar pelo que fazem os políticos do seu país".
Sem dizer qual é a localização do estabelecimento, ilustra este ambiente com a imagem de um cartaz que foi colocado na porta de um restaurante, onde se pode ler "Russos Fora de Serviço!" Anna Pogrebtsova acrescenta que as denuncias dos compatriotas são transversais e que surgem de "todo o continente, de Norte a Sul".
Fala, inclusive, quem nem os miúdos escapam e que "quando chegam a casa, da escola, relatam aos pais comentários de outras crianças, que as fazem sentir discriminadas".
A presidente da associação destaca que toda esta tensão causa "preocupação", embora "nunca tenha sentido hostilidade na rua". Pede ao governo português que "tome medidas", com "uma chamada de atenção".
Portugal "tem que atuar nestes casos", pois "é um país democrático, que promove os valores da humanidade e da igualdade". Lembra que os russos estão "integrados na sociedade e têm contribuído para o desenvolvimento da economia" lusa.
Salienta ainda ter recebido "ameaças pelo telefone" e diz que os comentários nas redes sociais são, sobretudo, "provenientes de ucranianos a morarem no território português". Quanto ao teor dos telefonemas, a par de dizer que foram "vários", reafirma terem sido "agressivos", a desejarem-lhe "tudo de mal".
Sobre o conflito em solo ucraniano, adianta que "ninguém estava à espera da guerra" e que "ninguém a desejava". Adverte que, "sem saber o que determinou a decisão de atacar, é prematuro emitir uma opinião". Deixa registado que tem "família na Rússia e na Ucrânia" e que está "a viver o horror dos dois lados".