Cidadãos de nacionalidade russa a residir no estrangeiro mudaram as cores da bandeira do próprio país para se manifestarem pela paz. A cor vermelha, que significa o derramamento de sangue, na bandeira oficial russa foi alterada para a cor branca. O símbolo de apoio à Ucrânia e contra a guerra é tido como extremista pelo regime de Vladimir Putin.
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"Infelizmente, o tricolor russo foi completamente apropriado pela propaganda estatal e pelos militares", explicou Kai Katonina, designer de 31 anos, a viver na Alemanha ao jornal britânico "The Guardian". "Precisávamos de uma bandeira que não tivesse conexão com a violência e a guerra", acrescentou.
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Kai e os amigos substituíram, por isso, o vermelho da bandeira da Rússia pela cor branca, numa clara associação à paz e contra a guerra. Depressa descobriram que a estratégia estava já a ser seguida por outros russos a viver no estrangeiro, que se juntavam aos protestos, fosse no Chipre, na República Checa ou na Lituânia. No fundo, em cada canto do planeta onde houvesse um cidadão russo contra a ocupação militar da Ucrânia.
"Foi engraçado ver que, ao mesmo tempo, outros russos que se opunham à guerra levantaram a mesma bandeira. Alguma colaboração inconsciente estava a acontecer", diz Kai Katonina.
Agregar a bandeira russa numa junção das cores branca e azul, e retirar o vermelho, não é uma ideia de agora. No passado, os cidadãos de Veliky Novgorod, uma das cidades mais antigas da Rússia, usaram as mesmas tonalidades. Aquele local é considerado o berço da democracia local na Rússia, já que os habitantes tinham assembleias representativas de cidadãos ainda no século XII.
Na semana passada, o Kremlin anunciou que está a ponderar banir a bandeira por ser um símbolo extremista, muito embora esteja a ser maioritariamente usada pelas comunidades russas a viver no estrangeiro. Também na Bielorrússia, os manifestantes contra o regime de Lukashenko usam a mesma bandeira.
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