Sánchez muda porta-voz do Governo e garante ter energia para o resto da legislatura

Numa declaração de poucos minutos, Sánchez anunciou a saída da ministra da Educação e Desporto, Pilar Alegría,
Foto: Nicolas Tucat/AFP
O primeiro-ministro espanhol, o socialista Pedro Sánchez, substituiu esta segunda-feira a ministra da Educação e porta-voz do Governo e garantiu ter energia e vontade para concluir a legislatura, um dia depois de uma derrota eleitoral histórica na região da Extremadura.
O Governo de Espanha encara "a segunda metade da legislatura", iniciada em novembro de 2023, com "vontade, energia renovada e pilhas carregadas e disposto a lutar pela aprovação de cada nova iniciativa com vontade de diálogo e humildade", afirmou, numa declaração ao país a partir do Palácio da Moncloa, a sede do executivo espanhol, em Madrid.
Numa declaração de poucos minutos, Sánchez anunciou a saída da ministra da Educação e Desporto, Pilar Alegría, para ser a candidata dos socialistas espanhóis nas eleições regionais de Aragão, em fevereiro.
Pilar Alegria era também a porta-voz do Governo e será substituída neste cargo pela atual ministra da Inclusão, Segurança Social e Migrações, Elma Saez.
Já a nova da ministra da Educação é Milagros Tolón, até agora a delegada do Governo na região autónoma de Castela La Mancha.
O Governo espanhol, o próprio Sánchez e o Partido Socialista (PSOE) vivem um momento de crise e especial fragilidade, com dirigentes do partido, incluindo um ex-ministro, e familiares do primeiro-ministro envolvidos em suspeitas de corrupção e outros casos judiciais, assim como acusações de assédio sexual.
Na semana passada, o partido Somar, de esquerda, que está na coligação de Governo liderada pelos socialistas, pediu mesmo ao primeiro-ministro para fazer uma "remodelação radical, de cima a baixo", do executivo, falando em "deterioração maiúscula" e "situação muito complicada".
"Assim não é possível continuar", disse a ministra do Trabalho e dirigente do Somar, Yolanda Díaz.
Sánchez, que já pediu desculpa por diversas vezes nos últimos meses pelos casos de corrupção que envolvem ex-dirigentes socialistas e assumiu erros na gestão das queixas de assédio sexual que chegaram ao PSOE, tem recusado atender ao pedido do parceiro de coligação e hoje anunciou apenas a substituição de uma ministra.
A declaração de hoje seguiu-se, por outro lado, a uma derrota eleitoral histórica do PSOE, no domingo, na Extremadura, região considerada um feudo socialista, que o partido governou em nove das 11 legislaturas autonómicas (sete delas com maioria absoluta) e em que só numas das eleições (as de 2011) não tinha sido o mais votado.
O Partido Popular de Espanha (PP, direita) venceu as eleições antecipadas na Extremadura, enquanto os socialistas tiveram o pior resultado de sempre nesta autonomia e a extrema-direita (Vox) duplicou votos.
As eleições na Extremadura marcam o início do novo ciclo eleitoral em Espanha e a estas autonómicas seguir-se-ão outras em fevereiro de 2026 em Aragão, em março em Castela e Leão e em junho na Andaluzia; eleições municipais e regionais na maioria das regiões em maio de 2027; e, por fim, legislativas nacionais em julho do mesmo ano.
