Direita espanhola vence eleições na Extremadura e socialistas sofrem derrota histórica

María Guardiola, presidente da Junta da Extremadura, deposita o voto numa mesa de voto durante as eleições autonómicas antecipadas deste domingo, que deram a vitória ao Partido Popular
Foto: Carlos Criado/Europa Press via Getty Images
O Partido Popular, liderado na região por María Guardiola, ganha as eleições autonómicas antecipadas com 29 deputados, mas fica sem maioria absoluta. O PSOE de Pedro Sánchez tem o pior resultado de sempre na Extremadura e o Vox duplica a representação parlamentar.
O Partido Popular (PP) venceu este domingo as eleições autonómicas antecipadas na Extremadura, em Espanha, confirmando uma mudança profunda no mapa político de uma região tradicionalmente dominada pelos socialistas. Com 99,38% dos votos apurados, os populares alcançaram 42,96% dos sufrágios e elegeram 29 deputados, mais um do que na legislatura anterior, mas ainda a quatro lugares da maioria absoluta, fixada nos 33 assentos do parlamento regional.
A vitória do PP deixa, no entanto, o partido dependente do apoio do Vox para assegurar a governação. A formação de extrema-direita foi a terceira força mais votada, com 17% dos votos e 11 deputados, mais do que duplicando a votação e a representação obtidas nas eleições de 2023. Nunca a direita e a extrema-direita tinham somado um peso tão elevado na Assembleia da Extremadura.
O grande derrotado da noite foi o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), do primeiro-ministro Pedro Sánchez. Os socialistas ficaram pelos 25,87% dos votos e 18 deputados, menos cerca de 14 pontos percentuais e menos dez eleitos do que há dois anos. Trata-se do pior resultado de sempre do PSOE nesta comunidade autónoma, considerada durante décadas um dos seus principais bastiões eleitorais.
Dependência do Vox e abstenção em alta
O candidato socialista, Miguel Ángel Gallardo, reagiu já na fase final do escrutínio e assumiu publicamente a dimensão do desaire. "O resultado é mau. Muito mau", afirmou, numa declaração breve que refletiu o clima de derrota no partido.
Além do PP, do PSOE e do Vox, apenas mais uma força política conseguiu representação parlamentar. A Unidas pela Extremadura, plataforma que agrega partidos à esquerda dos socialistas, obteve 10,22% dos votos e elegeu sete deputados, mais três do que nas anteriores eleições autonómicas.
A participação eleitoral situou-se nos 62,64%, mais de sete pontos percentuais abaixo da registada em 2023, confirmando um afastamento dos eleitores num território marcado pela dispersão populacional, envelhecimento demográfico e elevados níveis de abstenção.
Estas eleições antecipadas realizaram-se a poucos dias do Natal, depois de terem sido convocadas no final de outubro pela presidente do governo regional, María Guardiola, do PP, na sequência do chumbo parlamentar aos orçamentos para 2026. Guardiola lidera a Junta da Extremadura desde o verão de 2023, após um acordo com o Vox, apesar de o PSOE ter sido então o partido mais votado, com o mesmo número de deputados que os populares.
O escrutínio marca o início de um novo ciclo eleitoral em Espanha, que prosseguirá em 2026 com eleições autonómicas em Aragão, Castela e Leão e Andaluzia, antes das municipais, regionais e legislativas nacionais previstas para 2027. A importância política destas eleições ficou patente na presença assídua de líderes nacionais durante a campanha, incluindo Pedro Sánchez, num momento de fragilidade do PSOE, marcado por processos judiciais, suspeitas de corrupção e acusações de assédio sexual envolvendo dirigentes do partido.
Com pouco mais de um milhão de habitantes e 41.635 quilómetros quadrados, a Extremadura, que faz fronteira com Portugal, nomeadamente com o Alentejo e a Beira Interior, é a quinta maior região autónoma espanhola em área e uma das menos densamente povoadas do país, integrando a chamada "Espanha vazia". Estavam inscritos para votar 80.985 eleitores, dos quais 30.610 residentes no estrangeiro.

