Sánchez teve encontro "muito cordial" com Trump apesar de desacordo sobre gastos militares
O primeiro-ministro de Espanha relatou, esta terça-feira, um encontro "muito cordial" com o presidente dos EUA no Egito e afirmou que as relações entre os dois países são muito positivas, apesar das divergências nos gastos com a defesa.
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"Foi um intercâmbio muito cordial", disse o líder do Governo espanhol, Pedro Sánchez, sobre o encontro com o presidente norte-americano na segunda-feira, no Egito, na cimeira sobre o acordo de cessar-fogo no Médio Oriente.
Sánchez falava numa entrevista à rádio Cadena SER sobre o momento em que cumprimentou Trump e em que ambos trocaram algumas palavras, depois de o presidente dos Estados Unidos ter sugerido, na semana passada, que Espanha deveria ser expulsa da NATO por não querer aumentar os gastos com a defesa até 5% do Produto Interno Bruto (PIB), como se comprometeram a fazer os restantes membros da Aliança Atlântica.
Dizendo várias vezes que o encontro com Trump foi "muito cordial", Sánchez acrescentou que os EUA reconhecem o bom desempenho da economia espanhola e que os dois países têm relações "muito positivas, muito profundas e muito consolidadas", mesmo havendo diferenças em relação a alguns assuntos.
Sánchez disse que sempre deixou claro aos EUA e aos membros da NATO que Espanha respeitará os compromissos que tem no seio da Aliança Atlântica e da Europa em matéria de defesa limitando as despesas militares a 2,1% do PIB.
"Disse sempre muito claramente que nós estamos comprometidos com a defesa e com a segurança da aliança e ao mesmo tempo estamos igualmente comprometidos com a defesa do nosso estado de bem-estar", afirmou o líder do Governo espanhol, que considerou que "sociedades mais coesas" e "com estados de bem-estar muito mais fortes" são também "sociedades mais seguras".
Na segunda-feira, Donald Trump brincou com as divergências com Espanha sobre os gastos com a defesa, durante o seu discurso no final da cimeira no Egito.
"Estão a trabalhar para o convencer sobre o PIB [referindo-se aos 5% de despesas de defesa]? Vamos aproximar-nos, estão a fazer um trabalho fantástico", frisou Trump, perguntando onde estava a delegação espanhola.
De acordo com a agência de notícias espanhola Efe, o presidente norte-americano falou num tom descontraído e claramente amigável sobre Espanha e as suas recentes declarações, onde sugeriu expulsar o país da NATO devido à sua falta de compromisso com os investimentos em defesa.
Apesar de ter assinado a declaração final da última cimeira da NATO, em junho, nos Países Baixos, Espanha disse e informou por escrito o secretário-geral organização, Mark Rutte, que não dedicará 5% do PIB à defesa, como estabelece o documento, e que limitará esses gastos a 2,1%.
O Governo de Espanha disse que 2,1% é o suficiente para garantir as capacidades com que se comprometeu com a organização e que dedicar mais verbas à defesa prejudicaria orçamentos para as políticas sociais.
No final da cimeira de junho, o presidente dos Estados Unidos tinha já ameaçado Espanha com mais e maiores taxas alfandegárias por causa da recusa em aumentar os gastos com a defesa.