O ex-espião russo envenenado com gás neurotóxico há um mês em Salisbury está finalmente a melhorar e poderá em breve tornar-se na peça que falta à investigação de uma tentativa de homicídio que Londres atribuiu à Rússia e que gerou a maior crise diplomática mundial desde a Guerra Fria.
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Sergei Skripal "ganha força a cada dia que passa e já começa a pensar no dia em que esteja suficientemente bem para deixar o hospital", comunicou ontem Christine Blanshard, diretora clínica do Hospital de Salisbury, sul de Inglaterra. Anteontem, um comunicado da Polícia britânica confirmava notícias vindas da Rússia de que a filha de Skripal, Yulia, envenenada com ele, estava a recuperar. Que tinha acordado havia uma semana e pedia respeito pela privacidade. Repetindo o pedido, Christine Blanshard prometeu atualizar o boletim clínico dos Skripal sempre que for o caso.
A sua recuperação pode ser essencial na investigação do ataque com novichok, que terá ocorrido à porta de casa do ex-espião duplo, condenado pela Rússia por traição por trabalhar para o Governo britânico e entregue ao Reino Unido em 2010, no âmbito de uma troca internacional de espiões. A semelhança da tentativa de assassinato de Skripal com o envenenamento com polónio que matou outro ex-espião russo, Alexender Litvinenko, em Londres, em 2006, levou Londres a acusar prontamente o Kremlin, que continua a negar qualquer relação com o caso e com o veneno, a falar em conspiração, ora britânica, ora ucraniana, e a pedir provas. Sem apresentar provas, o Unido respondeu expulsando diplomatas russos, o mundo ocidental seguiu-o e Moscovo respondeu na mesma medida.
Esta semana, o laboratório militar de Porton Down admitiu não ter identificado a origem do novichok, mas o Governo assegurou que havia mais informação, vinda de outras fontes. Ontem, a imprensa britânica garantia que Londres identificara a origem do Novichok: o laboratório militar russo de Shikhany.