País enfrentou a pandemia com menos custos do que a generalidade dos países europeus. Recuperação económica depende do turismo.
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A Grécia criou um modelo para lidar com pandemias. O impacto foi relativamente limitado, apesar da proximidade com a Turquia e da localização geográfica do país, ponto de encontro entre o Oriente e o Ocidente. O número de mortos é inferior às duas centenas e o número total de infetados pouco superior aos três mil.
A aplicação atempada da quarentena foi a principal razão para evitar situações difíceis, como as que se viveram em Itália ou Espanha. Os cidadãos gregos obedeceram rapidamente às autoridades e seguiram as instruções sobre como se podiam movimentar ou adquirir bens essenciais.
O sistema de saúde também enfrentou a pandemia com sucesso, evitando-se que as unidades de cuidados intensivos chegassem ao limite. Também desde o início, os médicos gregos administraram cloroquina (medicamento usado na prevenção da malária), juntamente com antibióticos, para prevenir as infeções. As terapias fizeram a sua parte e o pior, em muitos casos, foi evitado.
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As dificuldades e a pressão acabaram por ser maiores ao nível psicológico e ao nível político do que nos hospitais de referência. Muitos na Grécia argumentam, aliás, que o bom resultado no combate à pandemia tem a ver com a mudança de Governo, em julho de 2019, que se mostrou benéfica para a economia e a sociedade. Os atuais responsáveis governamentais, os conservadores da Nova Democracia, fundamentaram a sua estratégia na opinião dos especialistas, tentando resolver de uma forma tecnocrática os problemas trazidos pela pandemia.
O Governo não se limitou a informar e a comunicar com o público. Adotou as propostas dos cientistas e mostrou rigor nos casos em que houve violações confirmadas das regras. A aplicação de multas a todos os que não cumprem os protocolos de saúde obrigatórios continua a ser a norma nesta fase de desconfinamento e de reabertura da economia, sobretudo em áreas com alto valor turístico. E ninguém protesta.
Vale a pena destacar, por outro lado, que a pandemia trouxe para a ribalta um grupo de cientistas, burocratas e políticos jovens, que poderão ser as futuras estrelas no firmamento da política.
É evidente que tudo isto terá um forte impacto no turismo, uma das principais atividades económicas do país. Mas a Grécia é agora considerada um destino seguro. E o Governo grego faz os possíveis para atrair turistas estrangeiros, promovendo, na passada segunda-feira, a reabertura de fronteiras.
Dois dias antes, Kyriakos Mitsotakis, foi à ilha de Santorini. E foi a partir daí, com uma bela cena do pôr do sol como pano de fundo, que o primeiro-ministro grego, num esforço adicional para impulsionar o turismo, disse que, "se podemos dar os primeiros passos hesitantes, hoje, para atrair visitantes, é porque o país é considerado um destino seguro. Temos que proteger essa segurança como a menina dos nossos olhos".
Portugueses obrigados a fazer teste à entrada
A Grécia já reabriu as fronteiras e quase sem limitações. Para além da União Europeia, são esperados turistas da Austrália, Nova Zelândia, Japão ou China. Uma das exceções é Portugal: quem viajar a partir do aeroporto do Porto ou de Lisboa será obrigado a fazer um teste. Com resultado negativo, passa uma semana em isolamento. Duas se for positivo.
*Jornalista grego