Ataques do Azerbaijão na região de Nagorno-Karabakh provocaram pelo menos 32 mortos e mais de 200 feridos.
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O Governo do Azerbaijão interrompeu, esta quarta-feira, a operação militar em Nagorno-Karabakh após os separatistas de etnia arménia terem concordado em baixar as armas e participar em diálogos para a reintegração. O fim da incursão de Baku, que provocou pelo menos 32 mortos e mais de 200 feridos, ocorre com a mediação de Moscovo e a ausência da Arménia.
“Graças à mediação do comando do contingente russo de manutenção da paz destacado em Nagorno-Karabakh, foi alcançado um acordo sobre a cessação total das hostilidades a partir das 13 horas [10 horas em Portugal continental] de 20 de setembro de 2023”, escreveram as autoridades da autoproclamada República do Nagorno-Karabakh, citada pela agência EFE. A informação foi confirmada pelo Ministério da Defesa de Baku.
Ambos os lados vão ter conversações na quinta-feira na cidade azeri de Yevlakh. De acordo com o território separatista, as questões “levantadas pelo Azerbaijão relativas à reintegração, às garantias de direitos e à segurança dos arménios de Nagorno-Karabakh” serão discutidas nesta reunião e em encontros posteriores.
“A agenda do Azerbaijão é sobre a reintegração pacífica dos arménios do Karabakh”, assegurou Hikmet Hajiyev, conselheiro presidencial de políticas externas, em declarações reproduzidas pela agência France-Presse. Hajiyev expressou também o apoio de Baku para o “processo de normalização” nas relações com a Arménia, além de considerar desnecessária uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas para debater o tema.
O Executivo de Erevan não participou, no entanto, no processo de cessar-fogo. “A República da Arménia não esteve envolvida no texto assinado sobre Nagorno-Karabakh nem participou nas discussões”, esclareceu o primeiro-ministro, Nikol Pashinyan, citado pela agência russa TASS. Questionado, pelo segundo dia seguido, por milhares de manifestantes que exigiam uma resposta após os ataques azeris contra os arménios étnicos, o chefe de Governo conversou por telefone com o presidente russo após o anúncio do acordo, segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
Putin pede paz
Vladimir Putin salientou que a Rússia esteve em contacto com os dois lados do conflito e garantiu que as forças de manutenção da paz estão a fazer tudo para proteger os civis. “Espero que possamos alcançar a desescalada e transferir a solução deste problema para um rumo pacífico”, disse o chefe de Estado russo.
Apesar da perspetiva de uma diminuição nas tensões – celebrada pela comunidade internacional –, um novo episódio de violência foi registado hoje. Um carro das forças de paz de Moscovo foi atacado a tiro enquanto passava pela aldeia de Dzhanyatag, resultando na morte de cidadãos russos, informou o Ministério da Defesa do Kremlin.