A China apela à "calma e contenção" na península coreana ao mesmo tempo que está a mobilizar forças militares junto à fronteira, em resposta às ameaças da Coreia do Norte em lançar um ataque à vizinha Coreia do Sul e aos Estados Unidos, que já destacaram um navio de guerra para a região. Esta quarta-feira, Pyongyang não autorizou a entrada dos sul-coreanos que trabalham no complexo industrial de Kaesong.
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A China começou a mobilizar forças militares junto à fronteira com a Coreia do Norte, após a declaração de "estado de guerra" por parte de Pyongyang. Oficiais norte-americanos indicaram que estas manobras decorrem desde meados de março, incluindo o destacamento de tropas e manobras aéreas.
As forças militares chinesas estão na cidade de Ji"an e perto do Rio Yalu, que divide a China e a Coreia do Norte. Outras regiões fronteiriças estão a ser vigiadas por via aérea.
Na escalada da tensão entre as Coreias, os Estados Unidos mobilizaram o navio de guerra USS Fitzgerald para a costa sudoeste da Coreia do Sul para defender este território perante um eventual ataque com mísseis por parte de Pyongyang.
Esta quarta-feira, a China apelou à "calma e contenção", depois de as autoridades norte-coreanas terem bloqueado o acesso de trabalhadores sul-coreanos ao complexo industrial de Kaesong, junto à fronteira entre os dois países.
"Nas atuais circunstâncias, a China defende que todas as partes devem adotar uma postura de calma e contenção", disse um porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Hong Lei.
Seul evoca "ação militar" para proteger cidadãos
O ministro da Defesa da Coreia do Sul afirmou, esta quarta-feira, dispor de planos de contingência, que incluem uma eventual ação militar, para garantir a segurança dos sul-coreanos que trabalham no complexo industrial Kaesong, em solo norte-coreano.
"Nós preparámos um plano de contingência que inclui uma possível ação militar, caso haja uma situação grave", disse Kim Kwan-Jin, durante uma reunião dos membros do partido conservador. "Temos de tentar evitar que a situação piore", acrescentou o ministro.
A Coreia do Norte não autorizou, esta manhã, a entrada dos sul-coreanos que trabalham no complexo industrial de Kaesong, único projeto de cooperação bilateral vigente, mas indicou que os sul-coreanos que já se encontravam no interior do parque poderiam sair.
Porém, de acordo com Seul, apenas nove dos 861 sul-coreanos que estavam no interior do complexo, deixaram o local. Muitos optaram por ficar para garantir o funcionamento adequado das empresas para as quais trabalham, detalhou o ministro da Unificação do Sul.
Localizado a escassos quilómetros da fronteira, o parque, inaugurado em 2004, figura como o único projeto de cooperação económica entre as Coreias.
Cerca de 53 mil norte-coreanos trabalham para as mais de 120 fábricas sul-coreanas do complexo, o qual serve como uma fonte crucial de divisas para o Estado empobrecido da Coreia do Norte e reduz a dependência de Pyongyang em relação à China.
Kaesong foi escolhido para combinar a tecnologia e experiência da Coreia do Sul com a gestão a baixo custo da Coreia do Norte e é uma zona teoricamente desmilitarizada, mas fortemente armada e vigiada.
O complexo tem um volume de negócios equivalente a cerca de 1,5 mil milhões de euros, e tem funcionado sempre, apesar das repetidas crises entre os dois países.