Pyongyang elevou o seu tom hostil e anunciou que está em "estado de guerra" com a Coreia do Sul. "A situação que prevalece há muito tempo, segundo a qual a península coreana não está em guerra e nem em paz, acabou".
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"A partir de agora, as relações Norte-Sul estão em estado de guerra e todas as questões entre as duas Coreias serão tratadas segundo o protocolo adaptado à guerra", declarou o Governo da Coreia do Norte num comunicado atribuído a todos os organismos oficiais. Pyongyang adverte também que qualquer provocação militar próxima às fronteiras terrestres ou marítimas entre o Norte e o Sul levará a "um conflito em grande escala e a uma guerra nuclear".
E ameaçou fechar o complexo industrial de Kaesong, a 10 quilómetros da fronteira: o único local onde há cooperação económica com o Sul. O parque, que reduz a dependência de Pyongyang em relação à China, tem um volume de negócios de cerca de 1,5 mil milhões de euros, abriu em 2004 para simbolizar a reconciliação das duas Coreias e tem funcionado sempre, apesar das repetidas crises entre os dois países.
Estasexta-feira, o líder norte--coreano, Kim Jong-un, ordenou o início dos preparativos para atacar, com mísseis, o território dos EUA e suas bases no Pacífico e na Coreia do Sul, em resposta aos voos de treino dos bombardeiros americanos B-2, invisíveis a radares.
Em caso de "provocação imprudente dos EUA", as forças norte-coreanas "deverão atacar, sem piedade o (território) continental americano (...), as bases militares do Pacífico, incluindo Havai e Guam, e as que se encontram na Coreia do Sul", declarou Kim Jong-un, citado pela agência oficial.
Em Seul, o Ministério da Unificação afirmou que as ameaças do Norte não são novas, mas sim "mais um elemento de uma série de ameaças provocadoras". Já os Estados Unidos declararam imediatamente após o anúncio que estavam a levar a sério as novas ameaças. "Levamos estas ameaças a sério e estamos em contacto direto com o nosso aliado sul-coreano", disse, ontem, Caitlin Hayden, porta-voz do Conselho Nacional de Segurança, na Casa Branca.
A Rússia voltou a pediu responsabilidade máxima e moderação das partes para evitar que a escalada de tensões se torne um conflito armado.
Também a França emitiu uma nota na qual pediu à Coreia do Norte que evite "novas provocações, que cumpra com as suas obrigações internacionais, sobretudo no âmbito das resoluções das Nações Unidas, e retome rapidamente o caminho do diálogo".
Já o ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Guido Westerwelle, publicou um artigo no " Bild" no qual pediu à Coreia do Norte para parar de brincar com o fogo, reiterando a solidariedade da Alemanha com a Coreia do Sul.
Tecnicamente, as duas Coreias estão em guerra desde o fim da Guerra da Coreia (1950-53), que terminou com um armistício e não com um tratado de paz.