Os sindicatos franceses apelaram, esta sexta-feira, a Emmanuel Macron para não promulgar a reforma das pensões validada pelo Conselho Constitucional e indicaram que se recusam a reunir com o Executivo antes da jornada do 1º de Maio.
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"Face à massiva rejeição desta proposta, a intersindical pede-lhe solenemente para não promulgar a lei, a única forma de acalmar a cólera que se manifesta no país", indica um comunicado da central sindical CGT.
A mesma fonte adianta "não aceitar reuniões com o Executivo" até ao 1º de Maio, o Dia do Trabalhador, para o qual apelou a "uma jornada de mobilização excecional".
O Conselho Constitucional francês validou, esta sexta-feira, o essencial do projeto de revisão da lei das pensões, um dos principais objetivos do segundo mandato presidencial de Emmanuel Macron, contra o qual sindicatos, oposição e manifestantes protestam há meses.
Os membros do Conselho Constitucional censuraram alguns aspetos secundários do diploma, mas não alteraram a sua principal medida, que aumenta de 62 para 64 anos a idade legal de aposentação em França, segundo um comunicado daquele organismo.
A decisão dos nove "sábios" do Conselho Constitucional, guardião das instituições democráticas francesas, abre, assim, caminho para a entrada em vigor da impopular lei que Macron deseja ver aplicada a partir da "rentrée".
Por outro lado, sem grande surpresa, o Conselho pronunciou-se contra um determinado número de questões secundárias da revisão da lei de pensões e bloqueou um projeto de referendo de iniciativa conjunta pedido pela oposição de esquerda, que aguardava "luz verde" para iniciar a recolha de 4,8 milhões de assinaturas para a realização de uma consulta aos franceses que pretendia fazer recuar o projeto do Governo liderado pela primeira-ministra Élisabeth Borne.
Antes desta decisão, na terça-feira, Emmanuel Macron convidou os sindicatos para uma reunião no Eliseu, mas face à aprovação pelo Conselho Constitucional, a intersindical que junta de forma inédita os principais sindicatos de França veio recusar de forma veemente qualquer encontro com o presidente antes da manifestação do 1º de Maio, Dia do Trabalhador.
Este protesto, segundo os sindicatos, vai demarcar-se das manifestações realizadas desde o início do ano, juntando todos os trabalhadores num dia simbólico em França, e até lá os protestos deverão continuar.
Os principais partidos da oposição francesa também manifestaram determinação em prosseguir o combate contra o projeto de revisão da lei das pensões.