Os principais partidos da oposição francesa manifestaram determinação em prosseguir o combate contra o projeto de revisão da lei das pensões, que foi esta sexta-feira validado pelo Conselho Constitucional, e alertaram para um aumento dos protestos.
Corpo do artigo
"A luta continua", reagiu o líder da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon, enquanto a dirigente da extrema-direita, Marine Le Pen, considerava que "o destino político da reforma das pensões não está selado".
A decisão do Conselho Constitucional foi adotada na sequência de meses de manifestações e de batalha política contra este projeto decisivo do segundo quinquénio de Emmanuel Macron.
O dirigente do Partido Comunista, Fabien Roussel, apelou ao Executivo para "não promulgar" a lei, apesar de ter sido, esta sexta-feira, validada pelo Conselho Constitucional.
"Receio uma erupção social, receio hoje um transbordamento", alertou, quando diversas manifestações contra o projeto foram assinaladas por violência, incêndios nas ruas e uma forte atuação policial.
A mobilização prossegue mais que nunca e não deixaremos que esta reforma prossiga o seu caminho
"Caso seja promulgado, o presidente não poderá continuar a governar o país", declarou Mathilde Panot, responsável do partido da esquerda radical A França Insubmissa (LFI).
"A mobilização prossegue mais que nunca e não deixaremos que esta reforma prossiga o seu caminho", disse, numa altura em que as manifestações, com a participação de centenas de milhares de pessoas desde janeiro, parecem estar a perder o fulgor inicial.
Pelo contrário, o chefe da direita tradicional, Eric Ciotti, apelou a "todas as forças políticas" que "aceitem" a decisão, ao considerar que "a censura de diversos artigos [pelo Conselho] sanciona os erros de método do Governo".
Os membros do Conselho Constitucional censuraram alguns aspetos secundários do diploma, mas não alteraram a sua principal medida, que aumenta de 62 para 64 anos a idade legal de aposentação em França, segundo um comunicado daquele organismo.
A revisão da lei das pensões - um projeto impulsionado pelo presidente da República francês, Emmanuel Macron, que aumenta a idade de aposentação sem penalizações financeiras de 62 para 64 anos - foi aprovada sem votação na Assembleia Nacional, recorrendo a uma disposição prevista na Constituição francesa que permite fazê-lo.
O Ministério do Interior francês estimou em cerca de 380 mil os manifestantes que na quinta-feira saíram à rua em França, na 12.ª jornada de protesto contra a lei das pensões, enquanto a central sindical CGT contabilizou "mais de 1,5 milhões".
Tanto para as autoridades como para os sindicatos, a contestação pareceu, esta sexta-feira, registar um recuo na mobilização na maioria das cidades do país.