O mapa regional e autárquico de Espanha deixou de ser dominado pelos socialistas com as eleições regionais e locais de domingo, que o Partido Popular (PP, direita) ganhou, reivindicando o início de um "novo ciclo político" no país.
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O partido socialista (PSOE), à frente do Governo nacional desde 2018, liderava os executivos regionais de nove das 12 regiões autónomas que tiveram eleições no domingo. No final da contagem dos votos, tinha perdido mais de metade, conservando apenas quatro: Astúrias, Canárias, Castela La Mancha e Navarra.
Já o PP, que só governava duas das regiões que no domingo foram a votos (Madrid e Múrcia), poderá ficar a liderar oito, a que se juntam Andaluzia e Castela e Leão, que anteciparam para 2022 as eleições e que o Partido Popular também ganhou.
Como não venceu com maioria absoluta em todas as regiões, o PP vai depender em alguns casos do apoio do VOX (extrema-direita) para conseguir governar, como é o caso da Extremadura, Aragão ou Baleares.
O VOX entrou pela primeira vez num governo em Espanha em 2022, em Castela e Leão, coligado com o PP.
Nas eleições municipais, que se realizaram em todo o país, o PP foi também o partido globalmente mais votado, conseguiu uma maioria absoluta na capital espanhola, Madrid, e conquistou à esquerda grandes cidades, como Sevilha e Valência.
Tal como em algumas regiões, o PP também vai depender do VOX para governar municípios em que ganhou no domingo.
A esquerda teve ainda uma derrota em Barcelona, a segunda maior cidade do país que governava com uma coligação de várias forças e movimentos desde 2015.
Ao contrário do que previam a generalidade das sondagens, em Barcelona venceu no domingo o partido independentista de direita Juntos pela Catalunha (JxCat), embora sem uma maioria que garanta a liderança da autarquia, sendo agora necessário ver que alianças pós-eleitorais se vão formar.
O PP venceu ainda as eleições nas cidades autónomas de Ceuta e Melilla (enclaves no Norte de África).
O líder do PP, Alberto Núñez Feijóo, reivindicou já na madrugada de hoje uma vitória clara nas eleições, considerando-as o início de "um novo ciclo político" no país, que tem legislativas nacionais dentro de seis meses, em dezembro.
"Espanha iniciou um novo ciclo político", disse Alberto Núñez Feijóo, numa declaração a milhares de apoiantes do PP que se concentraram em frente da sede do partido, em Madrid.
Feijóo, antigo presidente do governo regional da Galiza, foi eleito líder do PP há pouco mais de um ano e teve no domingo o seu primeiro teste eleitoral.
Quem também reivindicou vitória foi o VOX, tanto nas regionais, onde aumentou a representação nos parlamentos autonómicos, como nas municipais, onde alcançou 7,19% dos votos globais (tinha tido 3,56% nas autárquicas anteriores).
Para o líder do partido da extrema-direita, Santiago Abascal, no domingo, o VOX "consolidou-se como projeto nacional" e como partido "absolutamente necessário" para construir uma alternativa à esquerda em Espanha.
O líder do PSOE e primeiro-ministro, Pedro Sánchez, não fez declarações e coube à porta-voz do partido e ministra da Educação, Pilar Alegria, fazer uma breve declaração aos jornalistas em que admitiu o "mau resultado".
Líderes regionais dos socialistas admitiram também a derrota e falaram num "tsunami" que atingiu o PSOE por todo o território.