Embora sem maioria absoluta, Salvador Illa consegue eleger mais de 40 deputados. Candidato da Esquerda Republicana diz que vai ser oposição.
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Os socialistas venceram claramente as eleições deste domingo para um novo parlamento da Região Autónoma da Catalunha. Quando estavam apurados mais de 90% dos votos, Salvador Illa tinha conquistado 42 lugares, enquanto o Juntos de Carles Puigdemont era segundo, com 35. A Esquerda Republicana, do líder regional Pere Aragonès, desceu consideravelmente.
Salvador Illa disse que as eleições de hoje abrem “uma nova etapa para todos os catalães”, depois de 14 anos de domínio dos partidos independentistas. O socialista atribuiu a vitória ao desempenho do primeiro-ministro, Pedro Sánchez.
Os resultados mostravam o que as sondagens publicadas há uma semana faziam prever, ou seja, que o Partido dos Socialistas da Catalunha iria vencer, mas sem maioria absoluta. Ainda assim, o antigo ministro da Saúde conseguiu uma vitória mais confortável do que em 2021, quando elegeu 33 deputados.
Apesar de ter perdido mais de uma dezena de lugares no Parlamento, a Esquerda Republicana da Catalunha poderia ser uma das forças a viabilizar um governo socialista, a par da plataforma Comuns-Sumar. Os três conseguiriam os necessários 68 lugares para ter maioria absoluta no Parlamento.
Aragonès de fora
No entanto, o ainda presidente do Governo da Catalunha afastou tal hipótese. Quando os votos já estavam quase totalmente contados, Pere Aragonès referiu que o seu partido “assumirá a vontade dos cidadãos” e irá trabalhar pela Catalunha “a partir da oposição”.
A Esquerda Republicana é um dos partidos independentistas que chegaram a acordo com o socialista Pedro Sánchez para garantir a continuidade do Governo nacional. Tal como Juntos.
Outros dados a ter em conta são a subida considerável do Partido Popular, de três para uns prováveis 15 deputados, e a entrada de um novo partido de extrema-direita, o Aliança Catalã, com um a três lugares (enquanto o Vox mantém os seus 11). Por outro lado, o Cidadãos perdeu os seis lugares que tinha.
E agora, Puigdemont?
Figura importante neste cenário é Carles Puigdemont. O antigo líder da Catalunha e atual eurodeputado, que vive fora de Espanha desde 2017, disse estar disposto a formar um “governo sólido” e desafiou a Esquerda Republicana a refletir sobre “os efeitos da desunião”.
Dados
Parlamento
Nas eleições antecipadas de hoje, foram chamados às urnas mais de 5,7 milhões de eleitores. O Parlamento catalão tem 135 lugares, sendo necessários 68 deputados para a maioria absoluta.
Afastado em 2021
O Partido dos Socialistas da Catalunha tinha vencido as eleições de 2021, mas empatou em número de deputados com a Esquerda Republicana da Catalunha, que acabou por formar uma aliança independentista e afastou Salvador Illa da governação. Os independentistas lideraram a região durante 14 anos.
Dia marcado por episódio de roubo de cobre
As eleições de hoje ficaram marcadas por um episódio relacionado com os transportes, devido a um roubo de cobre que deixou Barcelona sem acesso aos comboios suburbanos. Com muitos eleitores impedidos de usar esse meio de transporte, dois partidos pediram à Junta Eleitoral Central que adiasse o fecho das urnas. A Esquerda Republicada da Catalunha pediu um prolongamento de uma hora, enquanto o Juntos pela Catalunha queria que as urnas ficassem abertas até mais tarde. Aquela autoridade deixou a decisão para as juntas eleitorais da Catalunha, no pressuposto de que, a haver prolongamento, fosse apenas na medida do necessário. Afinal, as urnas acabaram por encerrar à hora prevista, ou seja, 20 horas de Espanha, quando eram 19 horas em Portugal continental.