As forças especiais quenianas demoraram pelo menos sete horas a chegar à universidade de Garissa, onde quinta-feira um comando de islamitas somalis matou 150 pessoas, segundo a imprensa do país que questionou a intervenção das autoridades.
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Segundo a imprensa, o alerta sobre o ataque foi dado à unidade de elite da Recce Company de Nairobi, uma brigada paramilitar especial, cerca das 5.30 horas de quinta-feira (2.30 GMT), mas a principal equipa militar chegou ao local, situado a 365 quilómetros de Nairobi, apenas a partir das 14.00 horas (11,00 GMT), de acordo com o maior jornal diário do Quénia, o 'The Nation'.
Os soldados quenianos só conseguiram entrar nos dormitórios onde estavam os atacantes cerca das 17.00 horas.
"Trata-se de uma negligência que roça o ato criminoso", afirma o editorial do 'The Nation', lembrando que "os homens armados que mataram dezenas de estudantes, com prazer evidente, tiveram todo o tempo".
Alguns jornalistas que partiram de Nairobi para Garissa após as primeiras informações chegaram antes das forças especiais, que foram transportadas de avião, sublinha a imprensa.
O outro grande diário, o 'The Standard' publica uma caricatura onde se vê uma serpente que representa "a ameaça terrorista" a morder um responsável pela segurança, enquanto um cachorro 'ladra' "demasiado pouco, demasiado tarde".
O ministro do Interior, Joseph Nkaissery, veio já defender-se contra as críticas, declarando que o ataque foi "um daqueles incidentes que pode surpreender qualquer país".
Mas, três dias depois do massacre que fez 148 mortes, na sua maioria estudantes cristãos, a imprensa continua a questionar a lentidão das autoridades.
"Desafia a razão ver que numerosos erros de que fomos testemunhas durante o cerco de Westgate, nomeadamente a mobilização tardia das unidades especiais de polícia, se repetiram em Garissa", prossegue o 'The Nation'.
O Governo do Quénia informou, entretanto, que um dos membros do grupo islâmico que atacou a universidade era um jovem queniano de etnia somali e diplomado pela faculdade de direito de Nairobi.
"Um dos quatro 'shebab' que atacaram a universidade de Garissa (...) foi identificado como Abdirahim Abdullahi", originário da região de Mandera, situada no extremo noroeste do Quénia que faz fronteira com a Somália, afirmou o porta-voz do Ministério do Interior, Mwenda Njoka.
Abdirahim Abdullahi, morto durante a intervenção das forças de segurança, "era diplomado pela Faculdade de Direito de Nairobi e descrito por quem o conhecia como um futuro jurista brilhante", acrescentou o responsável.
Njoka acrescentou que o pai de Abdullahi havia "alertado as autoridades que o seu filho tinha desaparecido e que suspeitava que tivesse ido para a Somália". O jovem estava desaparecido desde 2013.
As autoridades quenianas continuam a tentar identificar os corpos de outros três supostos atacantes .