Uma sondagem feita nos últimos dois dias revela que a União Nacional terá entre 190 e 220 lugares na nova composição da Assembleia Nacional francesa. A segunda e derradeira volta das eleições é no domingo.
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A União Nacional, partido de Jordan Bardella e de Marine Le Pen, poderá eleger entre 190 e 220 deputados à Assembleia Nacional, na segunda volta das eleições francesas, que decorre no domingo. Esta é uma das conclusões de uma sondagem feita nos últimos dois dias e que deita por terra as aspirações da extrema-direita de obter a maioria absoluta.
O estudo foi elaborado pela Toluna Harris Interactive, com as parceiras Challenges, M6 e RTL, e é citado por vários jornais franceses na manhã desta quinta-feira. Resulta da auscultação de 3.383 pessoas, já depois de estarem fechadas as listas dos candidatos à segunda volta.
A segunda força com mais deputados será a coligação de esquerdas Nova Frente Popular, com a possibilidade de conquistar entre 159 e 183 lugares, enquanto a aliança centrista Ensemble, do presidente Emmanuel Macron, será o terceiro maior grupo, prevendo-se que eleja entre 110 e 135 representantes.
Estão em causa 577 assentos da Assembleia Nacional, a câmara baixa do Parlamento francês, sendo necessário a uma força partidária eleger 289 deputados para chegar à maioria absoluta. A confirmarem-se as intenções de voto reveladas pelo estudo, a União Nacional e os seus aliados ficam aquém desse objetivo.
Há uma série de variáveis a ter em conta. Por um lado, o facto de o líder do partido Os Republicanos, Éric Ciotti, estar ao lado da União Nacional e de capitalizar votos para a extrema-direita, embora haja entre os entrevistados uma boa fatia de eleitores que dizem votar nos candidatos do partido que não se identificam com a orientação do líder, o que resultaria numa eleição entre 30 e 50 republicanos.
Por outro lado, embora pareça ter dado frutos o apelo lançado no domingo pelo primeiro-ministro, Gabriel Attal, no sentido de se formar um “bloco republicano” para barrar Bardella e Le Pen, com mais de 200 candidatos a desistir da segunda volta, as contas podem não ser fáceis de fazer. Se é verdade que a Nova Frente Popular e o Ensemble, as forças que desistiram uma a favor da outra nos círculos em que se perspetivavam disputas entre três candidatos, podem ter, juntos, mais lugares do que a União Nacional, também é certo que o partido mais representativo dessa coligação de esquerdas é o radical França Insubmissa.
Ainda ontem, Emmanuel Macron e Gabriel Attal garantiam que o radical de esquerda Jean-Luc Mélenchon não fará parte do cenário pós-eleitoral. Ou seja, se o resultado da conjugação de forças ditar a formação de um novo Governo macronista, Mélenchon fica de fora.
As eleições legislativas em França decorrem em círculos uninominais, por maioria e com duas rondas. À primeira volta foram eleitos 39 deputados sob a bandeira da União Nacional, 31 pelas cores da Nova Frente Popular e apenas dois apoiados pelo Ensemble.