O novo primeiro-ministro britânico exerceu advocacia durante muitos anos e especializou-se em direitos humanos. Chegou à Câmara dos Comuns em 2015, quando já envergava o título de cavaleiro, e sucedeu a Jeremy Corbyn à frente do Partido Trabalhista em 2020. Fervoroso adepto do Arsenal, chegou a jogar futebol.
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Para sabermos a razão de se chamar Keir, temos de recuar ao ano de 1906. Foi então que surgiu o primeiro homem a liderar o Partido Trabalhista na Câmara dos Comuns, James Keir Hardie, e foi em sua homenagem que os pais do agora primeiro-ministro britânico, gente da classe trabalhadora com militância no partido, lhe deram o nome. Segundo filho mais velho entre quatro, Starmer nasceu em Londres no dia 2 de setembro de 1962.
A mãe era enfermeira e o pai trabalhava numa fábrica de ferramentas. Keir tornou-se o primeiro membro da família a frequentar o ensino superior. Formou-se em Direito na Universidade de Leeds, em 1985, e depois fez uma pós-graduação em Direito Civil, em Oxford. Seguiram-se muitos anos de trabalho como advogado, em particular na área criminal e com especial foco nos direitos humanos. Antes de chegar à política, esteve à frente do Ministério Público de Inglaterra e do País de Gales, de 2008 a 2013.
Pelo caminho conheceu a sua mulher, Victoria Alexander, de quem tem um filho e uma filha. São casados desde 2007 e vivem no norte de Londres.
Keir Starmer chegou à Câmara dos Comuns em 2015, quando já envergava o título de cavaleiro atribuído por Isabel II. Sob a liderança de Jeremy Corbyn no Partido Trabalhista, aceitou fazer parte do “governo-sombra” com a pasta da Imigração, fez campanha pela manutenção do Reino Unido na União Europeia e depois acabou por ser o “ministro-sombra” do Brexit. Entendia que deveria ser feito um segundo referendo.
A derrota dos trabalhistas nas legislativas de 2019, a pior desde 1935, abriu caminho para a saída de Corbyn. Keir, que ao longo dos anos colheu dividendos junto de deputados, militantes e sindicatos – os seus detratores chamam-lhe “advogado esquerdista de Londres” – foi facilmente eleito líder do Partido Trabalhista em 2020.
Keir Starmer impôs disciplina ao partido e deu-lhe estabilidade depois de um período marcado por divisões internas. Abandonou algumas das políticas mais socialistas de Corbyn, virando os trabalhistas mais em direção ao centro, e pediu desculpas pelo antissemitismo que uma investigação interna concluiu ter-se instalado nos anos anteriores.
Em fevereiro do ano passado, delineou as cinco “missões nacionais”, políticas de longo termo nos capítulos da economia, crime, serviço público de saúde, educação e crise climática.
Quem o conhece diz que é cauteloso. Outros vêem nele uma pessoa aborrecida. Críticas à parte, ninguém pode negar a sua paixão antiga pelo futebol: jogou muito tempo nas ligas amadoras e é um devoto adepto do Arsenal desde a infância. Só a título de curiosidade, deixamos ainda a informação de que, em jovem, Keir teve aulas de violino com Norman Cook, que viria a ser membro dos Housemartins e é agora o conhecido DJ com o nome artístico Fatboy Slim.