Turquia aguarda garantias para retirar veto à entrada dos países nórdicos na NATO. Jens Stoltenberg diz que a cimeira de Madrid não é o limite para a tomada da decisão política . António Costa afirma que "não vale a pena dramatizar".
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Os apelos da Suécia e da Finlândia para despacho urgente e resposta afirmativa aos pedidos de adesão à NATO já tinham feito eco no encontro informal que juntou António Costa e mais seis chefes de Governo e de Estado da Aliança Atlântica, na terça-feira, em Haia, mas ainda não foi esta quarta-feira, após nova reunião, desta vez entre ministros da Defesa, realizada em Bruxelas, que transpirou qualquer evolução significativa sobre as negociações. A Turquia mantém o veto e avança que aguarda "resposta escrita" dos pretendentes nórdicos para levantar as objeções à entrada na organização.
Outro sinal dos tempos: o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, anunciou que participará na cimeira da NATO, entre 28 e 30 próximos, em Madrid. É uma situação completamente inaudita para um chefe de Governo nipónico e para um país com uma Constituição pacifista, mas aliado próximo dos Estados Unidos, que participa nas sanções contra Moscovo e que ajuda a Ucrânia com equipamentos militares defensivos.
Helsínquia teme adiamento sine die
De volta à reunião de terça-feira, em Haia: o primeiro-ministro português disse que "seria ótimo" que o veto turco fosse levantado e que fosse encontrada uma solução até à cimeira de Madrid, a realizar dentro de duas semanas. Costa sublinhou, todavia, que "se isso não for possível até Madrid, também não vale a pena dramatizar".
Helsínquia não partilha a fleuma do primeiro-ministro português. "É muito importante encontrar uma solução antes da cimeira de Madrid, porque este é o momento. Se não resolvermos essas questões antes de Madrid, há o risco de a situação ficar congelada", declara a primeira-ministra da Finlândia, Sanna Marin.
O secretário-geral da Aliança Atlântica participou nas reuniões de Haia e de Bruxelas e desdobra-se em negociações. Jens Stoltenberg diz que "as inquietações da Turquia são legítimas" e que a cimeira de Madrid "nunca foi o limite para a tomada de uma decisão" política. "Queremos ultrapassar o bloqueio o mais rapidamente possível", acrescentou.
Erdogan intransigente
Enquanto espera "a resposta escrita" dos nórdicos, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, reitera que "enquanto a Suécia e a Finlândia não adotarem medidas concretas contra o terrorismo", a "posição (de Ancara) não mudará". O Governo de Ancara acusa Estocolmo e Helsínquia de serem "demasiado complacentes" e de darem asilo a militantes do Partido Partido dos Trabalhadores do Curdistão, que considera "terrorista".
No jogo de avanços, de cedências e de transações diplomáticas, Erdogan espera obter outras contrapartidas. A retoma da importação de aviões de combate americanos é apontada como uma das pistas, interrompida em 2019 pelos Estados Unidos, em represália pela encomenda turca de mísseis russos terra-ar. A exclusão da Turquia do programa F35 não parece ultrapassável por Washington, mas há rumores da retoma de negociações para um acordo de transação e modernização de um aparelho da geração precedente, o F16.