Abertura de um corredor humanitário a partir da fábrica Azot, prevista para esta quarta-feira, falhou. Centenas de civis enfrentam falta de água e alimentos.
Corpo do artigo
Faltam água potável, comida, saneamento e eletricidade. Falta quase tudo na fábrica sitiada, onde centenas de civis aguardam por uma resposta que permita escapar em segurança. A Rússia prometeu abrir, ainda ontem, um corredor humanitário que permitisse a retirada de quem encontrou em Azot um abrigo para o inferno em que, nas últimas semanas, se converteu a cidade de Severodonetsk, no Leste ucraniano. Uma primeira tentativa que, segundo os separatistas pró-Rússia, fracassou por culpa das forças de Kiev, que alegadamente abriram fogo sobre os militares russos junto ao ponto de saída dos civis.
"Nós cessámos fogo e organizámos um corredor da entrada da fábrica até à saída de Severodonetsk, mas às 8.10 horas (6.10 em Portugal), a parte ucraniana começou a disparar", referiu Alexandr Nikishin, representante das milícias populares de Lugansk, citado pela agência Lusa. "O funcionamento do corredor [humanitário] foi suspenso por hoje [ontem]", anunciou Nikishin, acrescentando que "as negociações com a parte ucraniana continuarão".
Saviano Abreu, porta-voz do Gabinete de Assuntos Humanitários da ONU, descreveu um quadro de insalubridade na fábrica de produtos químicos Azot que pode desencadear um desfecho trágico. "É uma enorme preocupação para nós, porque as pessoas não conseguem sobreviver muito tempo sem água. Se tiverem de confiar em fontes inseguras, isso traz complicações para a saúde. Temos de garantir, o mais rapidamente possível, que as pessoas que ainda lá estão tenham acesso à água".
O presidente da Câmara de Severodonetsk, Oleksandr Stryuk, garantiu ontem, contudo, que as forças ucranianas ainda controlam a área industrial da cidade, o que possibilita a ligação à cidade vizinha de Lysychansk, não sendo conhecida a rota que está a ser utilizada pelos militares ucranianos para a evacuação de civis, e sendo certo que as três pontes foram destruídas pelos russos. " As formas de ligação à cidade são muito difíceis, mas existem", revelou Stryuk.
EUA reforçam apoio
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, comunicou ontem ao presidente Volodymyr Zelensky que o seu país atribuirá mais mil milhões de dólares (cerca de 962 milhões de euros) em ajuda militar à Ucrânia. O comunicado da Casa Branca sobre a conversa telefónica entre os dois chefes de Estado esclarece que o novo pacote de ajuda militar incluirá artilharia, sistemas de defesa costeira e "rockets" para apoiar as forças ucranianas "nas suas operações defensivas" no Donbass.
Lloyd Austin, secretário de Defesa dos EUA, que ontem esteve presente no encontro de ministros da Defesa dos Estados-NATO, na sede da Aliança, em Bruxelas, referiu que o armamento em causa representa um investimento "na capacidade de fogo de longo alcance da Ucrânia".
Na mesma reunião, o secretário apelou aos mais de 45 países participantes que demonstrem uma "determinação inabalável" em dar a Kiev "a capacidade de que necessita para se defender".