Consentimento da queima de exemplares do Corão exige ao Governo sueco um jogo de equilíbrio que será fulcral para entrar na NATO.
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A queima autorizada de exemplares do Corão na Suécia está a ser observada pelos estados islâmicos como um ataque à religião no seio da Europa. A revolta pelos atos considerados como desrespeitosos impulsionou protestos em países como o Iraque, Iémen, Indonésia e, mais recentemente, no Líbano. Apesar de Estocolmo condenar as injúrias ao livro sagrado do Islão, lembra que as ações não podem ser travadas por se enquadrarem na liberdade de expressão. A situação coloca o Governo numa balança que oscila entre a ética e o respeito pelos direitos individuais.
Ainda que a profanação do Corão não seja uma realidade recente, ganhou, em junho, novas proporções, depois de Salwan Momika, um iraquiano de extrema-direita, ter incendiado o exemplar sem que as autoridades agissem. A partir daí a situação foi escalando e desdobrou-se em outras ações semelhantes não só na Suécia como na Dinamarca, o que tem repercussões ao nível da política externa. Ao JN, Sandra Fernandes, especialista em relações internacionais da Universidade do Minho, alerta: “A Turquia está muito atenta a isto”. Mas não só. Josep Borrell, chefe da diplomacia europeia, lembrou que a profanação do Corão “é ofensiva”, frisando que “nem tudo o que é legal é ético”.