O Supremo Tribunal de Itália anulou, esta terça-feira, a absolvição da norte-americana Amanda Knox e do italiano Raffaele Sollecito do assassínio, em 2007, da britânica Meredith Kercher e ordenou um novo julgamento.
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Amanda Knox e Raffaele Sollecito foram condenados, em 2009, em primeira instância, a 26 e 25 anos de prisão, respetivamente, mas em 2011 um tribunal de recurso anulou a condenação.
O Ministério Público e a família da vítima, estudante do programa universitário "Erasmus", recorreram para o Supremo, que anunciou, esta terça-feira, a decisão.
O novo julgamento vai realizar-se em Florença (centro de Itália) e, segundo o procurador, não exige a presença dos acusados, uma vez que se vai focar na sentença que foi anulada.
Amanda "muito desiludida e surpreendida"
A norte-americana recebeu a notícia em Seattle, Estados Unidos, para onde viajou depois de ser absolvida, e Sollecito em Verona, onde frequenta o último ano do curso de engenharia informática.
"É uma vitória judicial e moral", disse à imprensa o advogado da família de Meredith Kercher, Francesco Maresca, acrescentando que a família está "muito satisfeita" com a decisão.
A advogada de Sollecito, Giulia Buongiorno, explicou estar à espera dos pormenores da decisão e anunciou que "a batalha continua" para demonstrar "a inocência" do jovem italiano.
Um dos advogados de Knox, Carlo Dalla Vedova, disse por seu lado que a norte-americana está "muito desiludida e surpreendida" com a decisão, mas "preparada para se defender".
Os procuradores do Ministério Público afirmaram no Supremo estarem convencidos de que Knox e Sollecito, namorados à altura dos factos, são culpados do assassínio de Kercher.
Foram usadas duas facas
Meredith Kercher, 21 anos, foi encontrada seminua e degolada no seu quarto, na casa que partilhava com Amanda Knox em Perugia, em novembro de 2007.
Um terceiro acusado, o costa-marfinense Rudy Guede, foi o único condenado e continua a cumprir uma pena de prisão de 16 anos.
"Esta decisão serve para rever a verdade definitiva e final sobre o assassínio de Meredith. Guede não estava sozinho, os juízes vão dizer-nos quem estava lá com ele", disse à imprensa o advogado da família da britânica Francesco Maresca.
A família e o Ministério Público têm sustentado que a absolvição de Knox e Sollecito deixou muitas questões por esclarecer. Insistem nomeadamente que as 47 feridas de faca no corpo de Meredith indicam que foram usadas duas facas, o que implica o envolvimento de mais do que um assassino.
Na reconstituição dos factos feita em tribunal, os procuradores alegaram que Kercher foi morta durante um "jogo sexual" potenciado pelo consumo de drogas e que envolveu Knox, Sollecito e Guede. Na versão dos procuradores, foi Amanda Knox quem desferiu os últimos golpes, enquanto os outros dois agarravam a vítima.