
Os assaltantes demoraram menos de oito minutos a roubar várias joias avaliadas em 88 milhões de euros
Foto: Dimitar Dilkoff/AFP
Dois suspeitos do assalto ao Museu do Louvre, em Paris, "admitiram parcialmente" um envolvimento e são apontados como os homens que forçaram a entrada no museu mais visitado do Mundo, afirmou, esta quarta-feira, a justiça francesa.
A procuradora de Paris, Laure Beccuau, disse em conferência de imprensa que ambos enfrentam acusações preliminares de roubo cometido por um grupo organizado e de conspiração criminosa.
Os assaltantes demoraram menos de oito minutos a roubar várias joias avaliadas em 88 milhões de euros a 19 deste mês, num crime que chocou o mundo.
Dois suspeitos foram detidos no fim de semana, incluindo um que foi intercetado no Aeroporto Charles-de-Gaulle quando tentava deixar França.
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De acordo com a legislação francesa sobre roubo organizado, a detenção pode durar até 96 horas - prazo que termina no final do dia de hoje, altura em que o Ministério Público deve apresentar acusações, libertar os detidos ou pedir a um juiz o prolongamento da medida.
Esta manhã, a polícia francesa reconheceu falhas graves nas defesas do Louvre, transformando o espetacular assalto em plena luz do dia numa reflexão geral sobre a forma como França protege o património.
O chefe da Polícia de Paris, Patrice Faure, disse, perante senadores, que os sistemas envelhecidos e as demoras nas atualizações deixaram fragilidades no museu.
"Não foi dado um passo tecnológico necessário", afirmou, observando que partes da rede de videovigilância ainda são analógicas, o que produz imagens de menor qualidade e mais lentas de partilhar em tempo real.
Um projeto de modernização há muito prometido, avaliado em 79,7 milhões de euros e a exigir cerca de 60 quilómetros de novos cabos, "não estará concluído antes de 2029 ou 2030", adiantou.
Faure avançou também que a autorização do Louvre para operar as câmaras de segurança expirou em julho e não foi renovada, falha burocrática que muitos veem como símbolo de negligência generalizada, depois de os ladrões terem forçado uma janela da Galeria Apolo, cortado vitrinas com ferramentas elétricas e fugido com oito peças das joias da coroa francesa em poucos minutos, enquanto turistas ainda se encontravam no interior.
"Os agentes chegaram extremamente depressa", disse Faure, acrescentando, no entanto, que o atraso ocorreu antes: "entre a deteção inicial, a segurança do museu, a linha de emergência e o comando policial".
Segundo o responsável, o primeiro alerta às autoridades não veio dos alarmes do museu, mas de um ciclista no exterior, que ligou para o número de emergência após ver homens de capacete com uma plataforma elevatória.
O assalto mostrou também uma falha no sistema de seguros: as joias não estavam cobertas por seguro privado.
O Estado francês assegura por conta própria os museus nacionais, uma vez que os prémios para cobrir património inestimável são exorbitantes, o que significa que o Louvre não receberá qualquer compensação financeira pela perda. O prejuízo, tanto financeiro como cultural, é total.
O responsável pediu ainda aos legisladores para que autorizem o uso de ferramentas atualmente proibidas, como deteção de anomalias e seguimento de objetos baseados em inteligência artificial, mas sem reconhecimento facial, de modo a sinalizar movimentos suspeitos e seguir veículos ou equipamentos em tempo real através das câmaras da cidade.
O assalto do dia 19 foi rápido e meticuloso. Durante a movimentada manhã, os ladrões chegaram à galeria das joias, junto às janelas voltadas para a rua, cortaram vitrinas reforçadas e desapareceram em minutos.
