A audição em Londres do fundador do portal WikiLeaks, Julian Assange, acusado de violação na Suécia, terminou ao fim de dois dias.
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O interrogatório foi realizado na embaixada do Equador, onde o australiano de 45 anos está refugiado desde 2012, por um procurador do ministério público equatoriano, na presença de uma homóloga sueca, Ingrid Isgren, magistrada de instrução adjunta.
Não foram revelados quaisquer pormenores sobre a forma como decorreu, invocando o ministério público sueco o segredo de justiça.
"O resultado será posteriormente transmitido por escrito pelo Equador aos procuradores suecos. Quando o interrogatório for analisado, os procuradores tomarão uma posição sobre a continuação do inquérito preliminar", indicou o ministério público sueco em comunicado.
O advogado sueco de Assange, Per Samuelsson, que não foi autorizado a assistir ao interrogatório, indicou à agência noticiosa francesa AFP que vai contestar o facto de ter sido impedido de estar presente.
Assange nega a alegada violação de que uma sueca apresentou queixa em agosto de 2010. Segundo o portal WikiLeaks, ele "cooperou totalmente" no interrogatório que reclamava há muito tempo, mas que o ministério público sueco se recusou durante anos a realizar nestas condições em Londres.
Enquanto a justiça sueca o acusa de se ter sistematicamente furtado às suas convocatórias, Samuelsson garante que Julian Assange "sempre quis dar a sua versão dos factos diretamente aos investigadores".
"Ele quer ter a hipótese de limpar o seu nome e espera que o inquérito preliminar seja arquivado" após o interrogatório.
A advogada da parte civil, Elisabeth Fritz, e a sua cliente também consideraram "uma coisa positiva que Assange tenha finalmente sido ouvido".
Uma primeira audição prevista para meados de outubro foi adiada a pedido de Assange, que invocou a insuficiência de garantiras sobre "a sua proteção e a sua defesa", segundo o Equador.
Julian Assange é alvo de um mandado europeu de captura, emitido no âmbito do inquérito aberto pela justiça sueca após a queixa, em 2010.
A Suécia, depois de lhe ter permitido abandonar o seu território nesse verão, tentou em seguida fazê-lo deter pela justiça britânica.
Uma vez esgotados todos os recursos formais para evitar a sua extradição para Estocolmo, Assange entrou na embaixada do Equador em junho de 2012 para aí pedir asilo e não abandonou o local desde então, estando confinado a um pequeno apartamento.
O pirata informático perdeu mais uma batalha judicial em setembro quando, pela oitava vez em seis anos, um tribunal sueco confirmou o mandato europeu de captura contra ele.
Ele clama a sua inocência e diz tratar-se de manobras destinadas a fazer com que seja extraditado para os Estados Unidos, que querem julgá-lo pela divulgação de mais de 250 mil documentos secretos sobre os bastidores da diplomacia norte-americana.
Durante a campanha eleitoral para a Casa Branca, a Wikileaks divulgou milhares de emails pirateados de pessoas próximas da candidata democrata, Hillary Clinton, o que levou o seu diretor de campanha, John Podesta, a acusar Julian Assange de estar a fazer o jogo do candidato republicano, Donald Trump, agora presidente eleito.
Uma petição assinada por quase 20 mil pessoas instava Trump a conceder "um perdão presidencial" a Assange, para o livrar de qualquer processo judicial nos Estados Unidos.
Uma petição semelhante foi endereçada ao presidente norte-americano cessante, Barack Obama, sem êxito.