Os interesses portugueses em África estão sob ameaça na sequência do incremento da atividade terrorista, segundo alerta o Relatório Anual de Segurança Interna de 2015, que já foi publicamente divulgado e que pela primeira vez elenca os riscos que recaem sobre Portugal, de acordo com uma consulta feita pelo JN.
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De acordo com o documento emanado do Governo, que congrega toda a informação criminal registada pelas forças policiais e pelos serviços de informações (SIRP), as ameaças impendem sobre a regiões do Norte de África e África Ocidental e têm origem em duas realidades, a proveniente do Estado Islâmico e da al-Qaeda.
A análise sobre o terrorismo, que costuma ser da responsabilidade do SIRP, fundamenta-se, como o documento salienta, "numa rigorosa monitorização" das ameaças terroristas e conclui pelo "acentuado aumento da ameaça que impende sobre os interesses portugueses não só nesta região [Norte de África] mas também na África Ocidental". E a razão está na "recapacitação dos grupos do universo AQ [Al Qaeda] a Al Qaeda no Magrebe Islâmico e o al Murabitin".
Por outro lado, o RASI destaca ainda a "penetração do grupo Estado Islâmico no Norte de África, particularmente na Líbia e no Egito e da emergência de indícios cada vez mais consistentes de que a primeira é um palco com importância crescente para a estratégia global do grupo e um dínamo atrator de combatentes estrangeiros".
Segundo especialistas ouvidos pelo JN o regresso da al-Qaeda é um assunto particularmente preocupante, uma vez que este grupo terrorista está a tentar voltar a ganhar espaço mediático e influência em determinadas áreas geográficas para conseguir impor-se ao Estado Islâmico. África está a ser o local de eleição da al Qaeda, em particular graças à ação da AQIM (al Qaeda no Magrebe Islâmico) e a outros grupos da África Ocidental. Um dos últimos ataques foi na Costa do Marfim, enquanto o Estado Islâmico está a tentar aumentar a influência na Líbia.