No 11.° dia do julgamento de Anders Behring Breivik, testemunhas relataram com detalhe como o norueguês fingiu que era polícia e chegou à ilha de Utoya, onde exterminou 69 pessoas.
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Testemunhas dos ataques que Anders Behring Breivik levou a cabo na Noruega, no dia 22 de julho do ano passado, descreveram com grande detalhe como Breivik os enganou e o pânico que se instalou durante os ataques.
No ferry que rumava em direção à ilha de Utoya, onde acontecia um acampamento de verão da Juventude Trabalhista, o norueguês fez com que a tripulação acreditasse que era polícia e que tinha sido enviado para a ilha por precaução, após o atentado à bomba que tinha acabado de acontecer no centro de Oslo.
Explosão, aliás, que o próprio Breivik causou na sede do Governo norueguês e que matou oito pessoas. "Pensei que era um documento de identidade policial legítima", disse Simen Braeden Mortensen, encarregado de embarcar as pessoas no ferry, sobre o documento apresentado pelo assassino.
Jon Olson, capitão do MS Thorbjorn ferry, falou no tribunal distrital de Oslo da sua "angústia e pânico total" enquanto tentava desesperadamente contactar a polícia para denunciar o ataque que o suposto polícia desencadeou em Utoya, depois de ancorar o barco.
Olson, cuja parceira, Monica Boesei, foi a segunda pessoa a morrer nos tiroteios, contou que nem ele nem a sua equipa suspeitaram que aquele homem de uniforme fosse outra coisa senão um polícia que tinha vindo informá-los sobre o ataque que tinha acontecido em Oslo.
Logo depois de desembarcar a pesada caixa que Breivik dissera conter equipamentos para detetar explosivos, o capitão do ferry viu o assassino abater a primeira vítima, o vigilante do acampamento de jovens.
Confuso, o capitão Jon Olsen pensou que talvez se tratasse de um exercício de treino. Quando percebeu a gravidade da situação, conseguiu fugir de volta ao barco, onde outras pessoas se tinham refugiado.
"Não me lembro se o vi a disparar sobre a Monica, mas penso que sim", contou calmamente Olson ao tribunal sobre a sua mulher, que trabalhava na ilha como gerente há mais de 20 anos.
Breivik, de fato preto com gravata cinza, ouviu impassivelmente as testemunhas e a polícia prestarem depoimento no 11.º dia do julgamento. Apesar de reconhecer que foi o autor dos ataques, diz-se inocente, porque acredita que as suas ações "são ataques preventivos contra os traidores da Pátria", culpados de entregar a Noruega ao multiculturalismo e à invasão muçulmana.
Desde que o extremista de direita admitiu as suas ações, a questão-chave do julgamento é a saúde mental de Breivik. Se for considerado culpado e mentalmente saudável, o norueguês pode ter que enfrentar 21 anos de prisão, embora possa ser mantido por mais tempo se for considerado um perigo para a sociedade. Se for considerado que tem distúrbios mentais, será obrigado a ter tratamento psiquiátrico.
Breivik disse, na semana passada, que ser considerado louco é a pior coisa que lhe poderia acontecer, porque seria "desvalorizar" as suas opiniões.