Mais de sete mil toneladas de lixos acumulam-se em Paris, bloqueando portas e passeios, enquanto os trabalhadores da limpeza urbana continuam em greve, em protesto contra uma nova lei, que vai aumentar a idade da reforma. Greve geral em França dura há nove dias e deverá manter-se até 20 de março.
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O caso do lixo em Paris está a preocupar, não só os cidadãos, como também o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, que ordenou ao município que interrompesse a greve, para que os funcionários voltem ao trabalho. Em resposta, Colombe Brossel, vice-presidente da câmara da capital francesa, responsável pelos resíduos, lembrou que tal interferência no direito à greve seria "um ataque ao direito constitucional".
Desde o dia 6 de março que cerca de metade dos bairros em Paris continuam a encher-se de lixo. Algumas entradas de edifícios e restaurantes foram quase totalmente bloqueadas por pilhas de sacos de lixo, provocando um cheiro pestilento. "É nojento", disse um funcionário do restaurante "La Gentilhommière", que preferiu não ser identificado. "Os clientes não estão a entrar", explicou ao jornal britânico "The Guardian".
Anne-Marie, cantora e ex-dançarina, assinalou que é preocupante ver a escala de lixo que é produzida pelos habitantes da cidade: "Tenho tentado criar o mínimo de lixo possível, mas não tenho outra escolha, tenho de trazer o meu saco de lixo para baixo e juntá-lo à pilha. Mas também entendo as preocupações dos funcionários de limpeza urbana e o motivo de estarem a fazer isto".
Devido à elevada acumulação de lixo, muitos parisienses são "obrigados" a procurar soluções. "Estamos a colocar os piores resíduos de peixe nas nossas próprias instalações de refrigeração, por enquanto, devido ao cheiro intenso. Mas depois vamos ficar sem espaço", revelou Younis, que trabalha numa peixaria em Paris.
Segundo a central sindical francesa Confederação Geral do Trabalho, os trabalhadores de limpeza urbana opuseram-se ao aumento da idade da reforma, dos 62 para 64 anos. Anne Hidalgo, presidente da Câmara de Paris, diz-se solidária com a greve.