
Sanae Takaichi, a primeira-ministra do Japão
Foto: Kazuhiro Nogi/ AFP
O Governo do Japão apresentou um protesto formal contra a China, depois de um diplomata chinês ter alegadamente pedido para "cortar a cabeça" da primeira-ministra nipónica, após declarações sobre Taiwan.
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"Estes comentários são extremamente inapropriados vindos do chefe de uma missão diplomática chinesa no estrangeiro", declarou o porta-voz do Governo japonês Minoru Kihara, em conferência de imprensa, referindo-se a uma mensagem publicada na rede social X pelo cônsul-geral chinês em Osaka, Xue Jian, posteriormente apagada, de acordo com meios de comunicação japoneses.
Tóquio pediu à China uma explicação sobre os comentários, mas também acrescentou que esta não é a primeira vez que Xue Jian está no centro da polémica. "Estamos cientes dos muitos comentários inapropriados feitos pelo cônsul-geral de Osaca e exortamos veementemente a China a tomar as medidas adequadas", afirmou o porta-voz.
O jornal japonês "Sankei Shimbun", que afirmou que a mensagem foi posteriormente apagada, disse que Xue partilhou um artigo do próprio jornal, escrevendo na rede social X: "não temos outra escolha senão cortar a cabeça imunda [de Takaichi]".
"A máscara está a cair"
O embaixador dos EUA no Japão, George Glass, utilizou a mesma rede social para se pronunciar sobre o assunto e apelar à China para que se porte como um "bom vizinho".
"A máscara está a cair - outra vez", publicou George Glass, notando que "há apenas alguns meses, o cônsul chinês comparou Israel à Alemanha nazi" e agora "ameaça a primeira-ministra e o povo japonês".
"Está na altura de Pequim se comportar como o 'bom vizinho' de que tanto fala, mas que repetidamente não consegue ser", nota ainda o embaixador dos EUA no Japão.
Xue foi descrito como um dos "lobos guerreiros" da nova geração de diplomatas chineses, que optaram por um tom muito mais firme e agressivo do que os antecessores. O comentário do diplomata chinês surgiu na sequência de declarações da primeira-ministra japonesa, na sexta-feira, que disse que um ataque militar a Taiwan justificaria uma intervenção das Forças de Autodefesa do Japão.
Sanae Takaichi reafirmou hoje os comentários, mas disse que Tóquio teria de "analisar todos os fatores" antes de agir.
O Japão reconheceu a República Popular da China como o único governo legítimo da China num documento conjunto que remonta a 1972, quando ambos os países normalizaram as relações diplomáticas bilaterais e Tóquio rompeu relações com Taiwan.
Desde então, Tóquio mantém intercâmbios não governamentais com Taipé. O antigo primeiro-ministro Shinzo Abe, assassinado em 2022, chegou a sublinhar, quando estava no poder, que uma eventual invasão da ilha levaria a uma intervenção japonesa no conflito, no âmbito do acordo de segurança que liga Tóquio aos Estados Unidos e aliados.
Pequim considera a ilha, que é autónoma desde 1949, como parte inalienável do território chinês e avisou repetidamente que não renuncia ao uso da força para alcançar a reunificação.
Taipé, por seu lado, afirma que a República da China, denominação oficial de Taiwan, e a República Popular da China "não estão subordinadas uma à outra".
