Responsáveis militares e policiais europeus propuseram esta quinta-feira que o tráfico de migrantes na Líbia seja considerado crime contra a humanidade, com o objetivo de sublinhar a sua gravidade e facilitar a luta contra o fenómeno.
Corpo do artigo
"O tráfico de migrantes, tal como o que existe na Líbia, deveria ser reconhecido como um crime internacional, um crime contra a humanidade", declarou o almirante italiano Enrico Credendino, chefe da operação naval europeia "Sophia", destinada a combater o tráfico de seres humanos (Euronavfor Med).
O militar italiano referiu que os migrantes provenientes da Líbia são expostos a crimes de extorsão, violência, violações e, por vezes, acabam por morrer.
"No ano passado morreram mais de cinco mil pessoas no Mediterrâneo, e não sabemos o que se passou no Sahara, mas podemos considerar que se registou ali o mesmo número [de mortes], se é que não foram mais", declarou por outro lado Robert Crepinko, chefe da unidade de luta contra o tráfico de migrantes da Europol.
O reconhecimento dessa prática como um crime contra a humanidade forçaria os países africanos a agir (muitos países nem o consideram uma prática criminosa).
Por outro lado, os investigadores deixariam de se preocupar com as datas de prescrição destes crimes, explicou o responsável esloveno da Europol.
Militares, polícias, guardas costeiros e Organizações Não Governamentais começaram esta quinta-feira a discutir o tema em Roma, no âmbito de uma reunião organizada pela Euronavfor Med, destinada a melhorar a coordenação entre os vários agentes no terreno.
O almirante Credendino saudou o trabalho das ONG nesta matéria, considerando-o "fundamental": "Enquanto houver migrantes no mar, será preciso ir buscá-los. E eu não estou convencido de que a presença das ONG constitua um incentivo" às tentativas de travessia dos migrantes.
O militar ressalvou, porém, que "é preciso também combater os traficantes".
"Senão os migrantes vão continuar a morrer", realçou.