Treze pessoas albinas morreram em 2015 em Moçambique vítimas da onda de homicídios contra portadores de albinismo associada a práticas supersticiosas.
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De acordo com um relatório da Procuradoria-Geral da República de Moçambique, apresentado esta quinta-feira, um total de 51 cidadãos moçambicanos com albinismo foram vítimas de ataques no ano passado.
"O ano de 2015 ficou negativamente marcado pelo aparecimento de um fenómeno criminal hediondo, caracterizado por extrema violência, crueldade e falta de senso de piedade contra as vítimas, causando aversão no seio da sociedade moçambicana", enunciou a procuradora-geral da República, Beatriz Buchili, segundo a qual a província de Nampula (norte) foi a que registou mais casos de ataques a pessoas albinas - 29 vítimas, incluindo mortes -, seguida da Zambézia (centro, com sete) e de Cabo Delgado (norte, cinco vítimas).
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"Temos assistido em vários pontos do país a ofensas corporais voluntárias e ao assassinato de cidadãos albinos para a extração de órgãos, principalmente membros superiores, cabelos, órgãos genitais, unhas e olhos, alegadamente usados em práticas supersticiosas", explicou Beatriz Buchili. Outras vezes, os agentes dos crimes contra portadores de albinismo recorrem à profanação de túmulos ou sepulcros para a exumação de restos mortais.
Na sequência destes ataques foram instaurados no ano passado 95 processos, três vezes os 32 registados em 2014. Desses, foram acusadas 58 pessoas, das quais 11 foram alvo de despacho de abstenção e 26 encontram-se em instrução preparatória.