Um tribunal egípcio aceitou, esta quarta-feira, o pedido de liberdade condicional do ex-presidente Hosni Mubarak num caso de enriquecimento por corrupção. O antigo ditador poderá ser libertado na quinta-feira, segundo o seu advogado.
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A decisão foi anunciada, esta quarta-feira, e confirmada pelo seu advogado, Farredd al-Deeb. A notícia surge momentos antes do juiz Ahmed el-Bahrawi ter garantido que a decisão é a "final" e não poderá, por isso, ser alvo de recurso pelo Ministério Público.
No caso em questão, o antigo ditador egípcio era acusado de enriquecimento ilícito por, alegadamente, ter aceitado presentes por parte do primeiro jornal estatal egípcio, o "Al-Ahram". O processo encontrava-se, no entanto, pendente depois do Ministério Publico ter aceitado que a família de Mubarak devolvesse os presentes, no valor de cerca de 1,5 milhões de euros.
Arguido em vários processos, de acordo com a Lusa, Mubarak, de 85 anos, já tinha beneficiado de libertações condicionais em três outros processos por ter cumprido o período máximo de prisão preventiva.
Condenado a prisão perpétua no ano passado por corrupção e assassínio de manifestantes, o ex-presidente está atualmente a ser novamente julgado, após a anulação do primeiro veredicto. A próxima audiência tem data marcada para o próximo domingo.
Analistas da BBC consideram que a libertação de Mubarak poderá ser encarada como uma tentativa do militar de reverter as mudanças ocorridas em 2011, quando uma sublevação popular sem precedentes obrigou à sua demissão.
Nas ruas, as vozes são discordantes. Ouvido pela Reuters, um popular chamado Guma Abdel Alim afirmou que "o exército trouxe de volta o regime de Mubarak, o mesmo regime", referindo-se ao massacre da semana passada. "Aqueles que foram eleitos pelo povo estão agora na prisão", afirmou.
Outro popular, Rubi Abdel Azim considera que Mubarak foi o pior presidente da história do Egito. Em oposição, um transeunte, Nagi Hassan, surge em defesa de Mubarak. "Ele foi o maior presidente do Egito", disse.